Os dois chefes de Estado cumprimentaram-se no aeroporto, num momento transmitido pelas televisões, e devem ainda hoje realizar uma “cimeira bilateral” no palácio presidencial do Cairo, segundo relataram as agências internacionais.

Na segunda-feira, Erdogan anunciou uma viagem aos Emirados Árabes Unidos e depois ao Egito para, segundo afirmou, “ver o que mais pode ser feito pelos irmãos em Gaza”.

O enclave palestiniano, controlado desde 2007 pelo Hamas, faz fronteira com o Egito e tem sido incessantemente bombardeado por Israel desde o ataque do grupo islamita palestiniano ocorrido a 7 de outubro no sul do território israelita.

Nas mesmas declarações na segunda-feira, Erdogan acrescentou que Ancara está a fazer “tudo para parar o derramamento de sangue”, referindo-se à morte de cidadãos palestinianos na Faixa de Gaza.

De acordo com o Hamas, a ofensiva militar de Israel no enclave já provocou mais de 28 mil mortos, na maioria civis.

O ataque de 7 de outubro de 2023 pelo Hamas contra Israel causou a morte de mais de 1.160 pessoas do lado israelita, a maioria civis, segundo uma contagem da agência noticiosa francesa AFP com base em dados oficiais israelitas.

O Presidente turco visitou o Egito pela última vez em 2012, quando era primeiro-ministro.

O país era então governado por Mohamed Morsi, líder da Irmandade Muçulmana e um dos principais aliados de Ancara.

Morsi foi derrubado em 2013 pelo seu ministro da Defesa, Abdel Fattah al-Sissi, e, desde então, Erdogan repetiu em várias ocasiões que “nunca” falaria com “alguém como ele”.

No entanto, a relação entre os dois homens intensificou-se pela convergência dos interesses em vários cenários regionais, nomeadamente no Sudão e na Faixa de Gaza. E as relações comerciais mantiveram-se estáveis: Ancara é o quinto maior parceiro comercial do Cairo.

Trocaram o primeiro aperto de mão em novembro de 2022, durante o Campeonato do Mundo de Futebol no Qatar, outro país com o qual o Egito renovou relações recentemente.

Falaram também no rescaldo do sismo de 6 de fevereiro de 2023, que matou mais de 50.000 pessoas na Turquia, e em julho desse ano foram nomeados embaixadores de ambas as partes para ambos os países.

De acordo com os meios de comunicação social egípcios e turcos, os dois governantes devem discutir durante esta visita aspetos relacionados com a economia e o desenvolvimento das relações bilaterais.

Sobre a questão de Gaza, Erdogan, que descreveu Israel como um “Estado terrorista” e o Hamas como um “grupo de libertadores”, chamou o embaixador turco em Telavive no início de novembro, considerando impossível “romper completamente” com Israel.

Antes dos ataques de 7 de outubro, vários dirigentes políticos do Hamas estavam instalados em Istambul. Desde então, segundo a AFP, foram discretamente convidados a sair da Turquia.

Desde o início do conflito em Gaza, Erdogan ofereceu-se como mediador, mas as discussões sobre tréguas têm sido lideradas pelo Qatar e pelo Egito.

Na terça-feira, os chefes dos serviços secretos norte-americanos e israelitas, o primeiro-ministro do Qatar e dirigentes egípcios discutiram no Cairo formas de “trabalhar para uma trégua na Faixa de Gaza”.