Confrontado pelo líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, durante o debate parlamentar semanal, com o “custo humano” da greve, Sunak reconheceu que “milhões terão os seus cuidados de saúde perturbados por causa da greve”.

Porém, afirmou que o Governo tem dialogado “construtivamente” com os enfermeiros, os quais receberam um aumento salarial de 3% em 2021, quando o resto da função pública teve a remuneração congelada.

Sunak disse ainda que aumentou as bolsas de estudo para os enfermeiros e o financiamento para formação profissional.

“Já estamos a investir milhares de milhões [de libras] adicionais no [serviço de saúde público] NHS. Já estamos a contratar milhares de médicos e enfermeiros”, sublinhou.

Para Starmer, que é líder do principal partido da oposição, a greve “é uma medalha de vergonha para este governo”, o qual acusa de estar a “brincar com a saúde das pessoas” e de ter falhado no preenchimento de 133.000 vagas no NHS.

O RCN convocou para os dias 15 e 20 de dezembro as primeiras greves nos seus 106 anos de história, em reivindicação por um aumento salarial de 19%, o que deverá resultar no cancelamento de consultas e tratamentos planeados.

A paralisação reflete uma intensificação da agitação laboral nos últimos meses no Reino Unido devido ao aumento dos preços dos alimentos e da energia, levando à perda de poder de compra.

A taxa de inflação homóloga do Reino Unido desacelerou para 10,7% em novembro, contra 11,1% em outubro, mas continua a ser a mais alta em 40 anos.

Funcionários dos caminhos de ferro, guardas de fronteira, motoristas de ambulâncias, carteiros e examinadores de condução estão entre os vários profissionais que vão fazer greve este mês.

O Governo está a ponderar mobilizar militares para reforçar alguns serviços públicos e minimizar o impacto nos aeroportos e hospitais.

As greves também estão a afetar lojas e restaurantes, quando a época natalícia é importante para as receitas do comércio e restauração.

De acordo com o instituto de estatísticas britânico (Office for National Statistics, ONS), só em outubro foram perdidos o equivalente a cerca de 417.000 dias de trabalho devido a greves, o número mais elevado numa década.

Comunicação social e analistas políticos têm evocado um novo “inverno de descontentamento”, numa referência às grandes greves que abalaram o país no final dos anos 1970.

Porém, a perspetiva de as greves se prolongarem nas próximas semanas, incluindo no período festivo do Natal e Ano Novo, parece estar a diminuir a simpatia da população pelos grevistas.

Uma sondagem da empresa Ipsos indica que 52% dos britânicos apoiam as greves dos enfermeiros e 46% dos bombeiros, mas só 30% têm empatia pelos trabalhadores ferroviários, menos 13 pontos percentuais do que em setembro.

“A opinião pública está dividida sobre as próximas greves dos comboios, mas parece que a perspetiva de outro conjunto de ações durante o período natalício está a diminuir os níveis de apoio público [registados] no início do ano”, afirmou o responsável pelas sondagens políticas da Ipsos, Gideon Skinner.