"A denúncia do procurador-geral garante que os executivos da empresa e da administração fracassaram reiteradamente em proteger os funcionários contra o assédio sexual, a intimidação e a discriminação do então presidente Harvey Weinstein", indica a Procuradoria em comunicado.

A ação judicial apresentada no Supremo Tribunal de Nova Iorque alega que os irmãos Weinstein permitiram que este ambiente se perpetrasse entre 2005 até outubro de 2017. Este processo acontece no dia em que estava previsto ser consumada e finalizada a venda da sua produtora, de acordo com o The New York Times.

"Todo o lucro da The Weinstein Company deve estar destinado à indemnização das vítimas, para que se proteja os funcionários daqui em diante; [servindo também] para que os responsáveis, nem aqueles os que permitiram tais atos, enriqueçam injustamente", acrescenta Schneiderman no comunicado. "Cada nova-iorquino tem o direito a um ambiente de trabalho livre do assédio sexual, de intimidação e medo", pode ler-se.

Recentemente foi noticiado que um grupo de investidores liderado por uma antiga funcionária do governo Obama, Maria Contreras-Sweet, estava em negociações avançadas para comprar a The Weinstein Company, num volume de negócio a rondar os 500 milhões de dólares (408 milhões de euros). Segundo o jornal norte-americano, este encontrar-se-á por agora suspenso.

Após uma investigação que durou quatro meses, a Procuradoria entrevistou vários funcionários da empresa, executivos e as supostas vítimas. Também reviu exaustivamente arquivos da empresa e e-mails.

A ação dita que Weinstein ameaçava os seus empregados com frases como "vou te matar", "vou matar a tua família" ou "sabes do que sou capaz". O produtor também se vangloriava dos contactos políticos que tinha e assegurava ter ligações com os serviços secretos norte-americanos.

A pedido de Weinstein, a empresa empregou um grupo de mulheres cuja principal tarefa era acompanhar o produtor em eventos e facilitar as suas conquistas sexuais, segundo revelou a investigação.

Outro grupo de funcionários, quase todos mulheres, eram assistentes que tinham que criar espaço na sua agenda para atividades sexuais e adotar medidas para aumentar a sua vida sexual, contactando os "Amigos de Harvey" por telefone ou mensagens de texto a seu pedido.

Um terceiro grupo, também quase todo ele 100% feminino, foi forçado a facilitar as conquistas sexuais de Weinstein, de acordo com a acusação, embora tenham sido contratadas para ajudar a empresa a produzir filmes e projetos de televisão.

"As funcionárias de Weinstein eram essencialmente usadas para facilitar conquistas sexuais de mulheres vulneráveis ​​que tinham esperança que [lhes] conseguissem trabalhos no setor", disse uma delas à acusação.

A denúncia também refere que os motoristas de Weinstein, tanto em Nova Iorque, como em Los Angeles, deviam de andar sempre com preservativos e preparados com material para dar injeções para a disfunção erétil.

Nos últimos tempos vários meios de comunicação social têm referido que Weinstein, de 65 anos, se encontra no centro de reabilitação The Meadows, situado na localidade de Wickenburg, no estado do Arizona, que oferece tratamentos à adição sexual, de acordo com o seu ‘site’.

O escândalo em torno de Weinstein causou um verdadeiro terramoto nos Estados Unidos, levando numerosas mulheres do mundo do espetáculo e da política a denunciar casos de assédio e abuso sexual, inspirando o movimento “Me Too” (“Eu Também”).

O escândalo estalou na sequência de uma investigação do The New York Times, com o jornal a revelar testemunhos de diversas alegadas vítimas de conduta sexual inapropriada por parte do influente produtor. Pelo menos 80 mulheres acusaram Weinstein de assédio e abusos sexuais.

O produtor está a ser investigado em Nova Iorque por uma alegada violação cometida há anos, tendo sido despedido da empresa de cinema independente que cofundou e foi também expulso da Academia de Hollywood.

[Notícia atualizada às 01:10]

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