“A TAP tem perdido bastantes trabalhadores ao longo destes anos, devido a vários fatores, mas muito por causa das condições salariais. […] [O programa de retenção de talentos] começou com um grupo de trabalhadores, passou para outro e, a determinada altura, decidiu aplicá-lo à grande maioria dos trabalhadores, contudo deixou cerca de cento e poucos trabalhadores de fora”, referiu Nuno Chaves Alves, dirigente do Sindicato dos Economistas, na comissão parlamentar de inquérito à companhia aérea.

Aquele sindicato defendeu que o programa para evitar a saída de trabalhadores ” deve ser para todos os trabalhadores”, mas, segundo o responsável, a anterior presidente executiva, Christine Ourmières-Widener, “dava como facto consumado que era assim e não se mexia”.

Neste sentido, o sindicato disse ter dado a conhecer a questão ao ministro João Galamba, em reunião de apresentação no Ministério das Infraestruturas, no dia 13 de março.

Em fevereiro, o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) disse à Lusa que tinha aprovado uma proposta da companhia, que incluía medidas para combater as saídas de profissionais, algumas delas transversais a todos os trabalhadores, como a redução do corte salarial de 25% para 20%, mas também “algumas que afetam as condições dos trabalhadores de terra”, como por exemplo questões referentes ao trabalho noturno e extraordinário que tinham cortes e deixaram de ter.

Relativamente ao plano de reestruturação da empresa, o Sindicato dos Economistas, a última destas estruturas a ser ouvida na comissão de inquérito, respondeu da mesma forma: “Na sua totalidade, não conhecemos”.

Nuno Chaves Almeida questionou-se mesmo “até que ponto é que [este] é um plano de reestruturação que já é a génese de um plano de privatização”.

Quanto às negociações do acordo de empresa, “denunciado pela TAP unilateralmente em dezembro de 2022 com todos os sindicatos”, o dirigente sindical disse ter alguma dificuldade em perceber “este tipo de negociação bastante agressiva”.

O Sindicato dos Economistas, que representa atualmente 10 trabalhadores na TAP, já entregou, juntamente com outros sindicatos, uma proposta para apreciação da companhia, no âmbito das negociações para o novo acordo de empresa.

“Até ao momento não obtemos nenhuma resposta, portanto as negociações estão paradas”, afirmou o sindicalista.

Já questionado sobre eventual ingerência política na gestão da TAP, Nuno Chaves Almeida disse nunca ter presenciado situações de má gestão ou ingerência por parte do sócio maioritário, que é o Estado desde 2020.

“Em termos micro, numa situação da TAP do dia-a-dia, digo que não [me apercebi de interferência política]. Em termos macro é o que sabemos na comunicação social”, afirmou.