“A situação meteorológica expectável para a noite não nos deixa muita margem de manobra {…]. Estamos a falar de uma noite com vento com alguma intensidade do quadrante Leste, humidades relativas muito baixas e a temperatura mínima acima dos 25°, o que não vai facilitar o combate”, alertou André Fernandes num 'briefing' à comunicação social, realizado pelas 19:00 na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), em Carnaxide, no concelho de Oeiras (Lisboa).

Segundo o responsável, o país registou nas últimas 24 horas um total de 125 incêndios, pelo que já ultrapassou o recorde que tinha sido anunciado hoje ao meio-dia, de 121 ocorrências.

Devido à “tendência crescente de ignições”, que preocupa a ANEPC, houve necessidade de reforçar os meios de combate com 16 grupos, ou seja 490 bombeiros, além da Guarda Nacional Republicana, da Força Especial de Proteção Civil e com máquinas de rasto do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, do Exército e também dos municípios”, disse o comandante.

“Os dispositivos estão no terreno. O dispositivo de combate especial a incêndios rurais é um dispositivo alargado, com cerca de 13.000 operacionais, que tem vindo a ser, de facto, reforçado […]. Mas, como qualquer dispositivo, os meios também são finitos e importa inverter esta subida de ignições e que todos nós adotemos comportamentos de autoproteção e, acima de tudo, de redução do risco”, acrescentou André Fernandes.

O comandante sublinhou que “qualquer uso de fogo no espaço florestal, rural e agrícola pode potenciar uma grande ignição e Portugal sem fogos depende de todas e todos”.

O responsável disse ainda que, ao final da tarde, os incêndios que mais preocupavam eram dois que já vêm de quinta-feira e se mantinham ativos - Carrazeda de Ansiães, distrito de Bragança, e Ourém, distrito de Santarém, além de um que começou na sexta-feira em Vale de Pia, Ansião, distrito de Leiria.

Questionado pelos jornalistas, André Fernandes disse que ao longo do dia de hoje houve várias localidades evacuadas, cujo levantamento admitiu não está feito, mas sublinhou tratar-se de evacuações preventivas, “numa lógica de evacuar e depois voltar a colocar as pessoas” nas suas habitações.

O responsável destacou também que tem havido “uma colaboração extrema entre os cidadãos e as autoridades” nessas situações.