Perto de 2.300 jovens já foram detidos nos protestos nos EUA, que fazem lembrar a contestação à guerra do Vietname, no final da década de 1960.
Do Canadá à Austrália, passando pela Europa, estudantes de vários países têm aderido à contestação.
Estados Unidos:
Desde 17 de abril, uma vaga de protestos a favor de Gaza percorreu cerca de 40 universidades, da costa atlântica à Califórnia.
Nos últimos dias, a polícia levou a cabo uma série de desmantelamentos de acampamentos pró-palestinianos.
Os manifestantes pró-palestinianos barricados na prestigiada Universidade de Columbia, epicentro do movimento de protesto estudantil, foram expulsos na terça-feira à noite.
Na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), dezenas de estudantes foram detidos.
Ao contrário de outras instituições, a Universidade de Brown (leste de Rhode Island) concordou com os manifestantes em desmantelar o seu acampamento em troca de uma votação sobre um possível “desinvestimento” em “empresas que permitem e lucram com o genocídio em Gaza”.
Na terça-feira, as Nações Unidas manifestaram “preocupação” com as ações da polícia nos campus universitários dos Estados Unidos. O alto comissário para os Direitos Humanos, Volker Türk, declarou-se “perturbado por uma série de medidas de mão pesada adotadas para dispersar e desmantelar manifestações”, sublinhando que “a liberdade de expressão e o direito de reunião pacífica são fundamentais”.
As autoridades israelitas classificaram os protestos como antissemitas, enquanto os seus críticos dizem que Israel usa essas alegações para silenciar a oposição. Apesar de alguns manifestantes terem sido apanhados pelas câmaras a fazer comentários antissemitas ou ameaças violentas, os organizadores dos protestos – alguns dos quais são judeus – consideram que se trata de um movimento pacífico para defender os direitos dos palestinianos e protestar contra a guerra.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, defendeu o direito dos estudantes a protestar pacificamente, mas lamentou a violência e a perturbação da vida nos campus.
França:
As principais instalações da prestigiada escola parisiense Sciences Po, que tem entre 5.000 e 6.000 estudantes na capital, permaneceram encerradas hoje, uma vez que a polícia francesa iniciou uma intervenção para retirar várias dezenas de ativistas pró-palestinianos que ocupavam as instalações da escola desde a véspera.
As ações levadas a cabo pelos estudantes em apoio a Gaza tiveram lugar principalmente nos estabelecimentos da Sciences Po em toda a França, mas poucas no interior das universidades.
Na quinta-feira, a ministra do Ensino Superior, Sylvie Retailleau, pediu aos reitores das universidades que garantam a “manutenção da ordem” pública, recorrendo a “todos os poderes” à sua disposição, nomeadamente em termos de sanções disciplinares em caso de distúrbios ou de recurso às forças policiais.
Alemanha:
A polícia interveio hoje para retirar manifestantes pró-palestinianos reunidos em frente à Universidade Humboldt de Berlim, no centro da capital. Segundo a polícia, cerca de 300 pessoas juntaram-se à manifestação, algumas dezenas das quais tentaram sentar-se no pátio da universidade.
Alguns manifestantes foram expulsos à força depois de terem recusado um local alternativo, informou a polícia de Berlim na rede social X.
O Presidente da Câmara de Berlim, Kai Wegner, criticou a manifestação, escrevendo no X que a cidade não queria “situações como as dos Estados Unidos ou de França”.
Canadá:
O movimento estudantil pró-palestiniano ganhou raízes em várias cidades, incluindo Vancouver, Otava, Toronto e Montreal. O primeiro e maior acampamento, na prestigiada Universidade McGill, em Montreal, começou a 27 de abril e foi aumentando de dimensão.
As centenas de manifestantes reforçaram o seu acampamento nos últimos dias devido à ameaça de desmantelamento pela polícia.
Dizem que estão determinados a ocupar o local durante o tempo que for necessário, até que a McGill corte todos os laços financeiros e académicos com Israel.
Na quarta-feira, a direção da escola afirmou que queria que o acampamento fosse desmantelado “sem demora”, alegando que se tratava de uma exigência “não negociável”. Na sua opinião, “um certo número de manifestantes não faz parte da comunidade estudantil”.
A polícia de Montreal, que se diz favorável a uma solução “pacífica” para a situação, ainda não interveio para desmantelar o acampamento.
No início desta semana, um tribunal do Quebeque rejeitou um pedido apresentado por dois estudantes da McGill que exigiam que os manifestantes abandonassem o campus.
Austrália:
Na Universidade de Sydney, centenas de manifestantes pró-palestinianos e pró-israelitas estiveram hoje frente a frente. Apesar de algumas trocas de palavras tensas, os dois encontros mantiveram-se pacíficos e a polícia não interveio.
Os ativistas pró-palestinianos estão acampados há dez dias num relvado em frente ao vasto edifício gótico da Universidade de Sydney, um bastião da academia australiana.
Tal como os seus homólogos norte-americanos, os manifestantes querem que a Universidade de Sidney corte as suas ligações com as instituições israelitas e recuse os donativos das empresas de armamento.
O vice-reitor da universidade, Mark Scott, escreveu aos estudantes e funcionários para expressar o seu “empenhamento na liberdade de expressão” e não pediu à polícia que desmantelasse o acampamento.
México:
Na Cidade do México, dezenas de estudantes pró-palestinianos da Universidade Nacional Autónoma do México (UNAM), a maior do país, montaram um acampamento na capital na quinta-feira, entoando “Viva a Palestina livre!” e “Do rio ao mar, a Palestina vencerá!”.
Os manifestantes pediram ao governo mexicano que rompesse as relações diplomáticas e comerciais com Israel.
Suíça:
Cerca de uma centena de estudantes pró-palestinianos ocuparam ao fim da tarde de quinta-feira o hall de entrada do edifício Geopolis da Universidade de Lausanne (UNIL), exigindo um boicote académico às instituições israelitas e um cessar-fogo imediato e permanente, informou a agência noticiosa Keystone-ATS.
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