Adiantando que foi notificado da expulsão na quinta-feira, Costa Gomes classificou o processo como “kafkiano” e manifestou-se convicto de que tudo terá a ver com a preocupação “de muito boa gente com o facto de estarem previstas, para inícios do próximo ano, eleições para a Concelhia de Barcelos”.

“Podem estar descansados que não está nem de perto nem de longe nos meus planos concorrer à Concelhia. Só vou recorrer da expulsão por uma questão de dignidade, porque não preciso do partido para nada. Se calhar, o partido é que precisa de mim”, referiu, lembrando que foi o único a conseguir a Câmara de Barcelos para o PS.

O advogado de Costa Gomes explicou à Lusa que, no processo que conduziu à expulsão, o PS alega que o antigo autarca “mancha” o bom nome do partido por causa dos vários processos judiciais em que esteve ou está envolvido.

“O problema é que três ou quatro processos foram arquivados, noutros três Costa Gomes foi absolvido com decisões que já transitaram em julgado e restam apenas dois em que nem sequer há acusação. E ninguém pode ser expulso de um partido por ser arguido”, referiu Nuno Cerejeira Namora.

Ainda segundo o advogado, outra acusação que o PS faz a Costa Gomes é de que ele contribuiu para a derrota do PS nas últimas autárquicas em Barcelos.

“Dizem que tem culpa por os folhetos da campanha terem chegado atrasados da tipografia, que não queria que a cara do candidato [Horácio Barra] aparecesse nos carros, que marcou ações de campanha para horas impróprias”, explicou.

Tudo acusações refutadas por Miguel Costa Gomes, que disse que Horácio Barra conduziu a campanha “como bem quis” e que ele se limitou a “dar conselhos”.

Costa Gomes foi presidente da Câmara de Barcelos durante 12 anos, não tendo podido recandidatar-se em 2021 por causa da lei de limitação de mandatos.

A lista do PS foi encabeçada por Horácio Barra, sendo Costa Gomes o número um à Assembleia Municipal.

As eleições foram ganhas por uma coligação liderada pelo PSD.

Em 2019, Costa Gomes esteve quatro meses em prisão domiciliária, no âmbito da Operação Teia, em que está indiciado dos crimes de corrupção passiva e de prevaricação.

No entanto, ainda não há acusação.

Segundo Nuno Cerejeira Namora, o PS decidiu também expulsar Vasco Real, sobrinho e ex-adjunto de Costa Gomes, por causa do teor de algumas publicações no Facebook, com referências “pouco abonatórias” a duas militantes que integravam a lista de Horácio Barra nas últimas Autárquicas.