Em declarações aos jornalistas no parlamento, o deputado do PSD Duarte Pacheco anunciou que, depois de o presidente do partido, Rui Rio, ter feito na quarta-feira "perguntas pertinentes" ao primeiro-ministro, que "não obtiveram resposta", hoje o presidente do Novo Banco disse estar disponível para informar o parlamento e prestar todos os esclarecimentos necessários.

"Por isso mesmo, o PSD, antes que qualquer audição ocorra em sede parlamentar, dirigiu desde já uma carta à administração do Novo Banco pedindo que nos seja enviada esta informação", afirmou.

Em concreto, os sociais-democratas querem saber: "Porque é que determinado património foi vendido abaixo do preço do mercado? Porque é que carteiras de créditos antes consideradas positivas, de repente, se transformaram em negativas? E quem foram os compradores, quem beneficiou com esta alienação?", questionou.

Questionado se entende que as críticas do Conselho de Administração do Novo Banco - que lamentou hoje "profundamente" que a instituição continue a ser usada "como arma de arremesso político e/ou manobras político-mediáticas" - eram dirigidas à bancada do PSD, Duarte Pacheco respondeu negativamente.

"Decerto que não, nenhum português entende que 850 milhões de euros sejam utilizados sem que seja avaliado como foi gasto e porquê. Se isso é uma manobra, então não sei mais o que se fará com dinheiro público", afirmou.

Sobre se o PSD admite pedir uma audição parlamentar presencial à administração do Novo Banco, Duarte Pacheco reiterou que será mais útil que esta aconteça depois de chegar a informação pedida.

"Se perguntarmos ao presidente do Novo Banco se vendeu algum crédito ao desbarato a resposta será não e termina a audição e fica tudo por esclarecer. Se a informação for enviada previamente, permite aos deputados analisá-la e depois confrontar a administração", disse, considerando que é o Novo Banco o principal interessado em que tudo seja esclarecido.

Duarte Pacheco disse estar confiante que, depois da disponibilidade hoje manifestada, "decerto a administração do Novo Banco fará com que essa informação chegue brevemente ao parlamento e corresponderá positivamente à carta do PSD".

"É a transparência e o rigor das contas públicas que o exige", defendeu.

Em comunicado, o Novo Banco afirmou hoje que é "seguramente uma das entidades bancárias mais escrutinadas, tanto a nível nacional como a nível europeu, fruto, aliás, do processo que lhe deu origem", tendo o próprio presidente executivo, por várias vezes, se deslocado ao parlamento para prestar todos os esclarecimentos que lhe foram solicitados.

"Se, apesar de tudo, subsistem dúvidas sobre a criação e a forma como é gerido o Novo Banco, como transpareceu, uma vez mais, do debate parlamentar de ontem [quarta-feira] à tarde, os senhores deputados devem procurar, através de todas as iniciativas, e sublinhamos todas as iniciativas que estão nas suas atribuições, apurar tudo o que quiserem", disse.

Na quarta-feira, no debate quinzenal, o presidente do PSD desafiou o primeiro-ministro a esclarecer se não estão a ser pagos "calotes empolados" no Novo Banco, lamentando que a justiça não tenha ainda atuado no "maior crime de colarinho branco", numa referência ao BES.

Rui Rio calculou que, desde 2014, esta instituição já tenha recebido cerca de sete mil milhões de euros de impostos dos portugueses e pediu a António Costa que esclarecesse se "tem a certeza" de que não existem créditos do Novo Banco "vendidos ao desbarato", imóveis vendidos "a preço de favor" (e a quem) e pediu que a Assembleia da República tenha acesso à documentação que detalha as imparidades que justificam as injeções do Fundo de Resolução.

Na resposta, o primeiro-ministro apontou que quem supervisiona e quantifica as imparidades do Novo Banco é o Banco Central Europeu e que as contas desta instituição foram auditadas por três entidades.

"Se quer saber e obter essa documentação, é requerer a quem a tem. E quem a tem ou são os auditores ou o Fundo de Resolução", afirmou.

[Notícia atualizada às 20:38]