A proposta do PSD de reduzir o IVA da eletricidade para as famílias de 23 para 6% acabou retirada e as do PCP e BE ‘chumbadas’, num processo que terminou com fortes críticas do Governo e do PS a Rui Rio e do presidente do PSD aos comunistas, mas também ao antigo parceiro de coligação CDS-PP, responsabilizando estas duas bancadas pelo resultado das votações.

Se o tema do Orçamento do Estado passará pelo Congresso de Viana do Castelo é uma incógnita, numa reunião magna que acontece três semanas depois de eleições diretas muito disputadas e que levaram o PSD a uma inédita segunda volta.

Rui Rio foi reeleito para um segundo mandato à frente do PSD em 18 de janeiro com 53,2% dos votos, contra 46,8% de Luís Montenegro, depois de, na primeira volta, ter falhado por pouco a necessária maioria absoluta dos votos expressos, com 49%. Pelo caminho, ficou o terceiro candidato, o presidente da Câmara Municipal de Cascais, Miguel Pinto Luz, que conseguiu 9,5% dos votos.

Rio já disse esperar “um congresso tranquilo”, mas frisando que tal não significa ausência de críticas, até para “dar vivacidade” à reunião.

Na noite eleitoral, Luís Montenegro assegurou que iria ao Congresso de Viana do Castelo e enquadrou a sua participação como “um contributo para o debate”. Nessa ocasião, o antigo líder parlamentar do PSD recusou que a derrota nas diretas significasse a sua “morte política”, mas garantiu que, nos próximos tempos, a intervenção no partido se esgotaria na reunião de Viana, regressando à sua condição de militante de base.

Uma das dúvidas do 38.º Congresso será o grau de renovação que Rio irá fazer nos órgãos nacionais para o seu segundo mandato, com o próprio a assegurar que não fará “uma revolução”, mas também que “não ficará tudo na mesma”.

As saídas de Elina Fraga e de José Manuel Bolieiro (que tem assento por inerência na Comissão Política Nacional como líder do PSD/Açores) têm sido apontadas como certas, bem como um reforço do papel de Joaquim Sarmento - porta-voz do partido para as Finanças Públicas - na direção.

O Conselho Nacional, órgão máximo do partido entre congressos, será como habitualmente o espelho das várias sensibilidades do partido, sendo já certas, além da lista da direção, outra de apoiantes de Montenegro - que deverá ser encabeçada pelo presidente da Câmara Municipal de Famalicão, Paulo Cunha -, uma de Carlos Eduardo Reis (que liderou a segunda lista mais votada no último Congresso) e uma com o presidente da distrital de Setúbal, Bruno Vitorino, como primeiro nome.

Também Joaquim Biancard Cruz deverá voltar a apresentar uma lista ao Conselho Nacional (com nomes como o deputado Duarte Marques e a eurodeputada Lídia Pereira), tal como o deputado e ex-candidato a líder da JSD André Neves.

Miguel Pinto Luz já anunciou que irá ao Congresso de Viana, onde fará uma intervenção, mas não integrará nem “se associará” a qualquer lista ao Conselho Nacional, embora Bruno Vitorino tenha sido um dos seus mais destacados apoiantes.

Rui Rio anunciou na noite das diretas que não iria, ao contrário do que fez há dois anos, tentar uma lista de unidade com o candidato derrotado, assumindo que teria uma lista própria ao Conselho Nacional. Há dois anos, foi o eurodeputado Paulo Rangel o primeiro nome indicado pelo atual presidente (teve como número um o candidato derrotado de 2018, Pedro Santana Lopes).

O 38.º Congresso do PSD tem arranque previsto para as 21:00, com a apresentação da moção global de estratégia pelo líder, Rui Rio, que voltará a falar aos congressistas no domingo.

Marques Mendes, Luís Filipe Menezes e Pinto Balsemão entre os ausentes

Em Viana do Castelo, serão também apresentadas entre a noite de hoje e a manhã de sábado 13 moções setoriais ao Congresso, com temas como a introdução de primárias no PSD, a eutanásia ou a Segurança Social.

A Lusa contactou alguns ex-líderes do PSD e, até agora, nenhum irá ao Congresso, com Marques Mendes a justificar estar fora do país este fim-de-semana e fontes próximas de Luís Filipe Menezes a indicarem que o antigo autarca de Gaia não deverá ir a Viana do Castelo. Também o fundador do partido e militante número um do PSD, Francisco Pinto Balsemão, não participará neste Congresso.

Como novidade na organização, os congressistas poderão registar-se automaticamente em ‘tablets’ disponibilizados no recinto, através de um “QR Code” (código de barras) recebido no seu telemóvel, semelhante aos dos bilhetes de avião.