A recente crise migratória e as denúncias chocantes relacionadas com questões de trabalho nas fábricas dos fornecedores das grandes multinacionais fizeram aumentar a atenção do público para a questão da escravatura moderna.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), cerca de 22 milhões de pessoas são vítimas da escravatura moderna. Desse número, quase metade são migrantes.
O tráfico de seres humanos gera lucros superiores a 25 mil milhões de euros por ano para as organizações criminosas internacionais em todo o mundo, de acordo com a Comissão Europeia.
Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), os novos escravos são as crianças que trabalham nas minas de cobalto dos fornecedores da Apple e da Samsung, os refugiados sírios que trabalham em cirscunstâncias terríveis na Turquia para os fornecedores das cadeias de vestuário, os refugiados Rohingya que trabalham como escravos na indústria de pesca tailandesa e os migrantes norte-africanos que trabalham em Itália e Espanha.
Apesar das várias medidas e protocolos adotados por governos e empresas para travar este tipo de crime, continua a ser difícil identificar os casos, pois as vítimas muitas das vezes têm medo de falar, explica o relatório do Gabinete de Documentação e Direito Comparado (GBDD).
O relatório da GBDD ainda explica que o termo "escravatura" abrange uma série de violações dos direitos humanos, que incluem, para além dos conceitos tradicionais de escravatura e tráfico de escravos, a venda de crianças, a prostituição infantil, a pornografia infantil, a exploração do trabalho infantil, a mutilação genital de crianças do sexo feminino, a utilização de crianças em conflitos armados, a servidão por dívidas, o tráfico de pessoas e de órgãos humanos, a exploração da prostituição e determinadas práticas levadas a cabo sob os regimes coloniais e de apartheid.
Mas há escravos a trabalhar para mim?
O site Slavery Footprint, criado por Justin Dillon, procura sensibilizar as pessoas neste sentido.
O projeto nasceu após Dillon, ex-músico, ter feito o documentário "Call+Response". Quando o Departamento de Estado norte-americano viu o filme, pediu a sua ajuda para desenvolver uma narrativa que permitisse a todos os individuos perceber a sua ligação à escravatura moderna.
No site é possível fazer um inquérito que, baseado nos nossos hábitos de consumo, indica quantos escravos trabalham para nós. No final, o site deixa uma sugestão para reduzirmos a nossa "impressão digital na escravatura". Cada utilizador tem a possibilidade de convidar marcas para o "Made In A Free World", uma plataforma que procura também combater a escravatura.
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