"A todo político que aceita doações da NRA, que vergonha!", disse Emma Gonzalez, atacando Trump pelo apoio milionário que a sua campanha recebeu do lóbi das armas, enquanto incentivava a multidão a repetir: "Que vergonha!"

O massacre de quarta-feira, que deixou 17 mortos na escola secundária Marjory Stoneman Douglas, despertou uma onda de pedidos para por fim à falta de controle de armas, com uma série de sobreviventes de ataques a tiro a marchar em apoio a esta causa.

O atirador, Nikolas Cruz, de 19 anos, comprou legalmente uma arma, apesar do seu histórico de comportamentos problemáticos e violentos.

Em Washington, no entanto, a resposta política deixou claro que o poderoso lóbi pró-armas NRA permanece inabalável, com o próprio Presidente Trump a sugerir que a causa principal dos massacres com armas de fogo é a crise na saúde mental, não fazendo qualquer menção ao controle de armas.

"Se o presidente quiser vir até mim e dizer na minha cara que foi uma tragédia terrível e... Como nada vai ser feito a esse respeito, eu vou perguntar alegremente quanto dinheiro ele recebeu da NRA", disse Gonzalez.

"Não importa porque eu já sei. Trinta milhões", disse à multidão que participou da marcha e que incluiu estudantes, pais e autoridades locais, mencionando a soma gasta pela NRA para apoiar a campanha de Trump e derrotar Hillary Clinton.

Dividindo esta quantia pelo número de vítimas de tiroteios nos Estados Unidos desde o início do ano, Gonzalez perguntou: "É quanto essas pessoas valem para você, Trump?".

As poderosas palavras da jovem tornaram-se rapidamente virais e o seu nome tornou-se num dos principais tópicos no Twitter.

Um dia depois do massacre, o presidente americano também usou o Twitter para expressar a sua opinião segundo a qual vizinhos e colegas da escola falharam em alertar as autoridades sobre o atirador.

"Nós o fizemos", respondeu Gonzalez, tremendo de emoção. "Mais do que uma vez. Desde que ele estava no secundário. Não foi uma surpresa para ninguém que o conhecia saber que foi ele o atirador".

As autoridades americanas têm sofrido críticas crescentes por terem falhado em agir perante uma série de sinais de alerta.

Na sexta-feira, o FBI admitiu ter recebido um aviso em janeiro de que Cruz poderia estar a planear um massacre, mas os agentes falharam em seguir a pista.

Cruz também era conhecido da Polícia local, pois a sua mãe chamou várias vezes os agentes devido às suas explosões violentas, enquanto registos obtidos pelo jornal South Florida Sun Sentinel reportaram que os serviços de assistência social investigaram Cruz depois de ele se ter cortado nos braços e ter dito que queria comprar uma arma.