José Silvano nega que tenha pedido a alguém que registasse a sua presença na Assembleia da República ou que tenha recebido pagamentos indevidos: "Não registei a minha presença, não mandei ninguém registar. Não auferi qualquer vantagem monetária".
Em causa está a polémica gerada pela notícia avançada pelo Expresso, no dia 3 de novembro, que diz que o deputado tem registadas presenças em sessões a que não terá comparecido.
"Quem não deve não teme", afirmou José Silvano nas breves declarações que fez aos jornalistas esta tarde na Assembleia da República. "Ou melhor, nos tempos de hoje, deve ser dito: não devia temer", completou.
"Sou um homem honrado, com mais de 30 anos de vida pública e nunca ninguém me apontou qualquer irregularidade", afirmou o secretário-geral do PSD.
O deputado começou por dizer que, a ser verdade, saúda a iniciativa de análise por parte da Procuradoria-Geral da República do caso que tem estado a ser noticiado esta semana. “Dada a dimensão mediática que este caso atingiu, todos deverão perceber que sou eu o primeiro a querer que tudo seja devida e rapidamente esclarecido”, explica.
O deputado acrescenta que, a não ser verdade a notícia do JN que refere a abertura de uma investigação pela PGR, é o próprio que a irá solicitar.
A Procuradoria-Geral da República anunciou esta quarta-feira que está a analisar o caso do deputado e secretário-geral do PSD José Silvano, para decidir “se há algum procedimento a desencadear”.
“A Procuradoria-Geral da República encontra-se a analisar os elementos que têm vindo a público com vista a decidir se há algum procedimento a desencadear no âmbito das competências do Ministério Público”, refere em resposta enviada à agência Lusa.
No sábado, o semanário Expresso noticiou que José Silvano não faltou a qualquer das 13 reuniões plenárias realizadas em outubro, apesar de em pelo menos um dos dias ter estado ausente.
Uma informação falsa, conforme o próprio admitiu ao Expresso, dado que na tarde de 18 de outubro esteve no distrito de Vila Real ao lado de Rui Rio, líder do partido, cumprindo um programa de reuniões que teve início às 15:30.
Apesar disso, alguém registou a presença do secretário-geral social-democrata logo no início da sessão plenária, quando passavam poucos minutos das 15:00.
Esta quarta-feira, José Silvano assinou a folha de presença da comissão eventual para a Transparência, mas não assistiu à reunião.
O parlamentar chegou à hora do início da reunião, 14:00, assinou a lista de presenças e deixou a sala onde decorreu a reunião, que se prolongou até cerca das 16:00, sem sequer chegar a sentar-se, e não mais voltou.
Questionado pelas 16:30, pela Lusa e pela Sábado, nos corredores da Assembleia da República, sobre os motivos da sua ausência da reunião, Silvano disse apenas que esteve a fazer trabalho político, sem querer especificar qual.
Instado a explicar como pode ter sido usada a sua 'password' para registar presenças em plenário em dias em que esteve ausente, José Silvano considerou "não ter mais nada a explicar" e disse estar "de consciência tranquila e com energia para continuar".
Na terça-feira, o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, informou que pediu explicações aos serviços do parlamento sobre alegadas discrepâncias nos registos de presenças do deputado José Silvano, que concluem que outra pessoa terá utilizado a sua palavra-passe.
No mesmo dia, o próprio deputado e secretário-geral do PSD rejeitou que se tenha aproveitado de dinheiros públicos, sem explicar como existe uma falsa presença sua em plenário registada no parlamento, nem como a sua ‘password’ foi usada por terceiros.
Esta quarta-feira, o líder do PSD, Rui Rio, reiterou que a sua posição sobre o secretário-geral do partido permanece inalterada, dois dias depois de assegurar que mantém a confiança política em José Silvano, admitindo tratar-se de um caso que "não é agradável" e qualificando-o como "pequenas questiúnculas".
José Silvano assumiu o cargo de secretário-geral do PSD em março deste ano após a demissão de Feliciano Barreiras Duarte na sequência de notícias sobre irregularidades no percurso académico e com a morada para efeitos de cálculo de abonos das deslocações como deputado.
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