Em declarações à Lusa, o ambientalista considera "bastante preocupante e bizarro que a universidade se preste a dar palco a estes indivíduos" que, acrescenta, tem "interesses políticos e económicos", nomeadamente ligados a empresas de exploração de energias fósseis.
Em causa a recente polémica em volta da presença de várias personalidades que negam que os efeitos da ação humana no clima numa conferência organizada pelo Independent Committee on Geoethics na Faculdade de Letras da Universidade do Porto nos dias 07 e 08 de setembro.
O segundo dia da conferência coincide com a Marcha Mundial pelo Clima, que em Portugal contará com iniciativas no Porto, em Lisboa e em Faro.
Entre os oradores está Piers Corbyn, irmão do líder trabalhista britânico Jeremy Corbyn, que considera que a contribuição humana no aquecimento global é "mínima" e que o aumento da temperatura se deve a um incremento da atividade solar.
João Branco defende que esta não é uma questão de liberdade de expressão, mas de salvaguardar a credibilidade de uma instituição de relevo na cidade.
"Uma instituição como a Universidade do Porto não presta um bom serviço ao dar palco a este tipo de indivíduos, não porque não se deva dar voz a todos, mas porque a universidade deve ser um palco de ciência e não de pseudociência", afirmou.
João Branco considera por isso que a conferência devia ser cancelada por forma a proteger a credibilidade da academia que, garante, está a ser usada para validar estas teorias "negacionistas".
Em comunicado enviado à Lusa na terça-feira, a Universidade do Porto rejeitou que as posições assumidas pelos oradores do Independent Committee on Geoethics sejam um reflexo da visão da instituição, sublinhando que a conferência "Basic Science of Climate Change: How Processes in the Sun, Atmosphere and Ocean Affect Weather and Climate" "é uma iniciativa de uma docente da mesma faculdade, sendo da responsabilidade” daquele comité.
"As universidades devem, contudo, afirmar-se como um espaço de debate e discussão por excelência, onde a partilha de diferentes ideias e perspetivas deve ser valorizada", pelo que, esclarecem, "a censura de opiniões não faz, nem deve fazer, parte da natureza das instituições de ensino superior e é nesse contexto que a Universidade do Porto irá acolher a referida conferência".
No texto, a UP lembra, aliás, que "o combate às alterações climáticas e a sustentabilidade ambiental são uma prioridade para a Universidade do Porto, principal promotora do projeto Casa Comum da Humanidade, que pretende apresentar às Nações Unidas um novo sistema de governação global dos recursos planetários e elevar o Sistema Terrestre à condição de Património da Humanidade".
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