A primeira greve feminista em Espanha, que coincide com o Dia Internacional da Mulher, conta com o apoio de sindicatos e de algumas das mulheres mais destacadas do país, como Manuela Carmena, autarca de Madrid, e Ada Colau, de Barcelona. A antecipar a greve, o “El País” publicou esta manhã os resultados de uma sondagem a 1.500 espanhóis, com 82% a considerarem que existem motivos para a greve.
Esta quinta-feira à tarde, segundo os sindicatos, 5,3 milhões de pessoas participaram na marcha de duas horas. "Uma greve sem precedentes no nosso país", assim a definem os sindicatos.
“Hoje desejamos uma sociedade livre de opressão sexual, exploração e violência”, diz a comissão do manifesto. “Apelamos a uma rebelião e luta contra a aliança do patriarcado e do capitalismo que quer que sejamos obedientes, submissas e silenciosas. Não aceitamos piores condições de trabalho, nem recebemos menos do que os homens pelo mesmo trabalho. É isso que estamos pedir”, lê-se.
A Câmara Municipal de Madrid decorou a sua sede com luzes roxas a manifestar o compromisso com “a luta pelos direitos e igualdade das mulheres”.
“No dia 8 de março a minha agenda é a agenda das mulheres. A greve feminista tem todo o meu apoio”, escreve Carmena no Twitter.
Por outro lado, Colau, autarca de Barcelona, diz, ao El País, que apoia a greve para mostrar que "sem as mulheres o mundo para". “Este é o século das mulheres e do feminismo. Levantamos as nossas vozes e não vamos parar”, acrescenta.
A greve levada avante pelas mulheres pretende também alertar para o trabalho doméstico que recai nos ombros das mulheres e nos dos homens. “Estamos a dar visibilidade ao trabalho que ninguém reconhece, seja em casa, ou mal pago, ou feito na economia invisível”, disseram os organizadores, que exigem a mudança, nomeadamente a redistribuição das tarefas domésticas.
No ano passado 49 mulheres foram mortas pelos seus parceiros ou ex-parceiros, um número mais alto que 2016 (44). O máximo histórico foi em 2008, com 76 vítimas. As estatísticas governamentais mostram números gritantes em Espanha: 119.213 casos nos primeiros nove meses de 2017 (últimos dados oficiais disponíveis), vítimas de violência de género, e 125.769 denúncias.
Portugal é o país da União Europeia onde o fosso salarial mais aumentou entre 2011 e 2016.
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