Uma rádio “feita por miúdos para miúdos”, que procura dar voz às crianças, proporcionando-lhes a “oportunidade de poderem crescer na cidadania”. É desta forma que Verónica Milagres encara o projeto que criou em 2015, e do qual é diretora.

A Rádio Miúdos comemora três anos a 20 de novembro, dia em que se assinala também a publicação da Declaração Universal dos Direitos da Criança. As comemorações começam no Auditório da Caixa Agrícola do Bombarral, às 18:30, e prossegue nos novos estúdios da rádio, que têm mais espaço e condições do que os anteriores, segundo o coordenador de produção, João Pedro Costa, que admite, contudo, que “em Lisboa seria mais fácil” trabalhar.

“Os miúdos estão muito entusiasmados e animados a preparar a festa”, diz Verónica Milagres, acrescentando que a inauguração começa com uma apresentação que recorda o que tem sido feito nos últimos três anos, seguindo-se uma visita pelo novo espaço, a cargo dos mais novos, o bolo para cantar os parabéns e um pequeno espetáculo, com músicos do Bombarral e atuações dos miúdos.

“São eles os protagonistas da inauguração”, garante a diretora, que sublinha, ainda, que há mais surpresas preparadas.

Verónica Milagres diz que o balanço dos últimos três anos é “muito positivo”, destacando o aumento do número de crianças envolvidas, das distinções e dos parceiros, que demonstra que a causa “é importante em várias áreas”.

A Rádio Miúdos tem 24 horas de emissão 'online', todos os dias, e conta com programas didáticos de especialistas de várias áreas, música em língua portuguesa, entrevistas, passatempos e emissões em direto feitas pelos 30 miúdos, dos 07 aos 17 anos, de segunda a sexta-feira, das 15:00 às 18:00 horas.

Também são realizadas emissões em direto nas escolas e oficinas de rádio, assim como animações de eventos e formações digitais para adultos.

O próximo objetivo da equipa prende-se com o desenvolvimento do projeto Rádio-Escolas, lançado este ano, que pretende dar visibilidade às rádios escolares, dinamizá-las e dinamizar outras em todo o país.

João Pedro Costa lamenta que a maior parte destas rádios sejam usadas apenas para pôr música.

Segundo o jornalista, a rádio escolar “serve para muito mais”, nomeadamente “para que os miúdos possam ter uma noção mais precisa e imediata da sua importância no mundo”, e para aproximar a escola da comunidade.

Verónica Milagres, que é licenciada em Ensino Básico, aponta o projeto como um “investimento para o futuro”, para se manter “com força dentro das escolas” e “criar uma rede”.

“Esta é uma ferramenta que, dentro das escolas, pode e deve ser utilizada pelos professores, para, por exemplo, flexibilização curricular e currículos alternativos, e é boa para todas as crianças, quer tenham ou não sido identificadas com necessidades educativas especiais”, defende a professora.

João Pedro Costa fala com entusiasmo dos diretos com os miúdos, revelando que gostaria de ter emissões 24 horas por dia com eles ao vivo. “Isto só é possível se nas rádios escolas as coisas funcionarem, para depois expandirmos o projeto para os PALOP e termos em fusos horários diferentes a Rádio Miúdos a ser emitida”, conclui.

Chegar às crianças que falam português em todo o mundo, contribuindo para que estas se mantenham ligadas à cultura portuguesa, é um dos objetivos que conduzem o projeto. Atualmente, a Rádio Miúdos tem ouvintes em 176 países e já tem crianças e jovens correspondentes fora de Portugal.

“Estamos também no início de trabalhos mais estreitos com a Embaixada de Berlim, com o departamento de ensino de português no estrangeiro, e queremos que esta seja a primeira de muitas” iniciativas, indica Verónica Milagres.

“Pensamos que uma rádio de miúdos é uma brincadeira de crianças. É esse preconceito que queremos combater”, salienta João Pedro Costa. E conclui: “Tem de ser dado um passo de cada vez”.

O projeto foi distinguido pela Fundação Calouste Gulbenkian, pela Comissão Europeia, pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, pelo Instituto do Banco de Investimento Europeu e pela Universidade Católica.

A Câmara Municipal do Bombarral, a Câmara Municipal de Óbidos, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Rede de Bibliotecas Escolares já confirmaram a presença no evento, com os seus representantes.