“As pessoas têm razões para não acreditar em duas coisas: uma, não acreditam em que seja possível voltar aos tempos da troika; a outra em que não acreditam é que se possa manter a forma e as opções políticas do PS nestes dois anos de maioria absoluta”, afirmou o líder da CDU (Coligação Democrática Unitária, que junta PCP e PEV) numa iniciativa junto às obras do novo hospital central do Alentejo, em Évora.
Paulo Raimundo reiterou que só “mais votos e mais deputados” da CDU podem garantir que esses dois cenários não se concretizam, mas não se quis alongar em comentários sobre os entendimentos que poderiam ocorrer após as eleições de 10 de março e o modelo de execução desses entendimentos.
“O que precisamos é de conteúdos, das respostas que se dão. (…) O que vai determinar a partir de dia 10 é o número de deputados de cada força e as opções que se fazem. O caminho que se irá trilhar dependerá da força que o povo nos der”, observou.
Ao lado da cabeça de lista da CDU pelo distrito de Évora, a deputada Alma Rivera, descrevendo-a como “um ás de copas” para as eleições, o secretário-geral do PCP salientou que os comunistas não menosprezam as dificuldades, mas renovou as críticas feitas às sondagens, que apontam para uma descida acentuada da CDU.
“Isto não é um passeio, mas estamos a construir o resultado todos os dias, com contactos, esclarecimentos, mobilização”, disse, acrescentando: “As sondagens condicionam muito, tentam influenciar muito e acertam pouco. Nós sabemos porque é que elas aparecem assim, não tenho nenhuma dúvida sobre isso. Por isso é que já tive ocasião de dizer: não chamar sondagens, mas ‘Operação Sondagens’. Operação tem logo um objetivo e nós também conhecemos as capacidades dos adversários”.
Rejeitou também que as sondagens representem ainda um castigo para os comunistas por terem rompido o acordo com o PS em 2021, precipitando então novas eleições legislativas em 2022, face à não aprovação do Orçamento do Estado de então: “Em que situação estaríamos — o país e a CDU — se tivéssemos posto a assinatura num documento que nos trouxe até à situação em que estamos? Não podemos ser corresponsáveis por uma opção que não é nossa”.
Em relação ao novo hospital central do Alentejo, Paulo Raimundo considerou-o “uma obra fundamental para a região e para o país” e que só conseguiu sair do papel com a intervenção do partido e da população quando havia uma maioria relativa socialista no parlamento.
“Precisamos que saia rapidamente do estado em que está e que se concretize. Já houve várias derrapagens, apesar de tudo está melhor, mas é preciso que não derrape mais e que se criem as condições, garantindo-se uma construção pública, num serviço público e com uma gestão pública”, finalizou.
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