"É uma obra de muito vulto e de grande responsabilidade por várias razões. Já fizemos a primeira reunião de obra e, em princípio, inicia-se em março no pavilhão de escultura e pintura, que é um projeto do arquiteto Carlos Ramos", afirmou Lúcia Almeida Matos.

A diretora da FBAUP, que falava em entrevista à agência Lusa, explicou hoje que a empreitada irá ter em conta a natureza patrimonial do edifício, uma vez que, à semelhança do restante edificado que compõe a instituição, este pavilhão está classificado como monumento de interesse público.

"A faculdade não quer descaracterizar a arquitetura que é de enormíssima qualidade e que é património da arquitetura muito relevante. Não queremos fazer apenas uma obra de reparação, porque esta obra tem de ser muito cuidada e requer exigências de materiais", salientou.

Além da natureza patrimonial, a empreitada terá também em consideração a funcionalidade do edifício, garantiu a responsável, adiantando que vão ser feitas intervenções ao nível da acessibilidade [rampas de acesso a portadores de cadeira de rodas], escoamento de águas, janelas e telhado.

Segundo Lúcia Almeida Matos, a empreitada, orçada em cerca de dois milhões de euros, deverá ter uma duração de perto de dois anos.

Durante esse período, as aulas vão ser lecionadas em instalações provisórias [módulos] que, de acordo com a diretora, vão ficar instaladas nos terrenos anexos à faculdade, adquiridos no ano passado pela Universidade do Porto com o propósito de, futuramente, assegurar a expansão da instituição.

"Os módulos são a base, mas estou a tentar encontrar ainda algumas possibilidades de outros espaços, mas que terão de ser necessariamente no exterior da faculdade", referiu, adiantando que "as condições de trabalho vão ser asseguradas".

Relativamente à coleção de arte da instituição, Lúcia Almeida Matos adiantou que a mesma não sofreu qualquer tipo de danos associados às más condições do edificado "porque já houve obras de reabilitação precisamente no local onde essas obras [de arte] estavam guardadas e não só foram revistas, como foram criadas condições de climatização apropriadas".

No passado dia 15, em declarações à Lusa, a representante da Associação de Estudantes da FBAUP, Francisca Moura, denunciava a "falta de condições" dos espaços de trabalho.

"Os alunos estão há mais de um ano submetidos a infiltrações nos espaços de trabalho", disse.

De acordo com Francisca Moura, neste momento são "várias as salas sem extração de ar", mas os "espaços mais críticos continuam a ser" o pavilhão de escultura, local onde os alunos trabalham o mármore, e o pavilhão de pintura, de onde "cai água do teto".

"O mais crítico é o pavilhão de pedra, que é mais um barraco, onde os alunos trabalham o mármore. Fazem-no sobretudo no inverno e o pavilhão é completamente aberto. Estão cerca de 30 alunos a trabalhar com rebarbadoras e o chão, onde passam triplas, está alagado de água", afirmou, adiantando que no pavilhão de pintura, "os alunos tiveram de criar uma espécie de funil gigante para desviar a água" e proteger os seus materiais.