Segundo a página do D. Maria II, a totalidade da receita de bilheteira da última representação daquela peça de Almeida Garrett – domingo, às 16:00 – será doada “na totalidade” à Cruz Vermelha Portuguesa com o objetivo “de apoiar as vítimas do ciclone Idai, em Moçambique”.

Referência fundamental do “cânone português”, segundo especialistas em literatura, a peça estreou-se em 01 de março passado na sala daquele edifício que Almeida Garrett (1759-1854) fundou para o Teatro Nacional e que tem o nome do escritor e dramaturgo romântico.

A peça é apresentada no âmbito do bicentenário de nascimento de D. Maria II (1819-1853), tem encenação de Miguel Loureiro e a interpretar estão Álvaro Correia, Ângelo Torres, Carolina Amaral, Gustavo Salvador Rebelo, João Grosso, Maria Duarte, Rita Rocha, Sílvio Vieira e Tónan Quito.

Com cenografia de André Guedes, figurinos de José António Tenente, desenho de luz e de som de José Álvaro Correia e Sérgio Henriques, respetivamente, a peça resulta de um desafio que José Luís Ferreira, antigo diretor do S. Luiz, lançou a Miguel Loureiro, um projeto que, inicialmente, teria uma versão “reduzida”, para ser incluída no Plano Nacional de Leitura.

O diretor artístico do D. Maria II, Tiago Rodrigues, achou, contudo, que seria bom fazê-la na sala Garrett, já que foi o autor romântico que propôs a edificação do D. Maria II no Rossio, e há muito que não era representada naquela sala, conforme disse à Lusa o encenador antes da estreia da peça.

O espetáculo que tem estado em cena na sala Garrett - 20 anos depois da última representação do texto, numa encenação de Carlos Avilez, em 1999 – tem direção de produção de José Luís Ferreira e é uma coprodução da Antunes Fidalgo Unipessoal e do Teatro Nacional D. Maria II.

O número de mortos provocados pelo ciclone Idai e as cheias que se seguiram subiu para 598, anunciaram as autoridades moçambicanas.

O último balanço, apresentado pelo Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), acrescenta mais 80 vítimas mortais desde segunda-feira, altura em que foi dada como concluída (desde quinta-feira) a fase de salvamento e resgate.

O ciclone Idai atingiu a região centro de Moçambique, o Maláui e o Zimbabué a 14 de março.

Segundo o INGC, mantém-se o número de 1.641 feridos.

O número de pessoas afetadas pelo ciclone Idai em Moçambique subiu, relativamente ao último balanço, de 843.723 para 967.014, o que corresponde hoje a 195.287 famílias.

Quanto ao número de famílias que está a receber ajuda humanitária subiu de 29.291 famílias para 32.290.

Nos 136 centros de abrigo em funcionamento estão acomodadas 131.136 pessoas e o número daqueles que são considerados vulneráveis é de 7.422.

As autoridades atualizaram também o número de casas totalmente destruídas que ascende agora a 62.153 (59.910 no último balanço), 34.139 parcialmente destruídas (33.925 segundo os anteriores dados) e 15.784 inundadas, sendo que a maioria são habitações de construção precária.