Num comunicado, os serviços de informação financeira russos dizem ter atualizado a sua “lista de organizações e pessoas” consideradas “extremistas ou terroristas”, passando a incluir as filiais regionais do movimento anticorrupção liderado por Alexei Navalny.

A equipa de Navalny já reagiram, dizendo que a medida não implica a proibição completa do movimento político opositor ao Kremlin, tal como pede um processo judicial separado interposto pelo Ministério Público da Rússia.

Ainda assim, perante este cenário, as 37 filiais regionais do movimento de Navalny anunciaram a sua autodissolução, na quinta-feira.

A lista inclui centenas de nomes de organizações e personalidades russas e estrangeiras, incluindo os grupos ‘jihadistas’ Al-Qaeda e o Estado Islâmico (EI), baseando-se numa lei “contra a lavagem de dinheiro obtido ilegalmente e contra o financiamento do terrorismo”.

O anúncio ocorre no momento em que os tribunais russos estão a analisar um pedido do Ministério Público para que a rede de filiais regionais das organizações de Navalny sejam reconhecidos como “extremistas”, mas os serviços de informação financeira russos não esclarecem se a atualização da lista está relacionada com este processo judicial.

Se o pedido dos procuradores for aceite, as atividades do movimento opositor do Kremlin e liderado por Navalny serão proibidas e os seus membros ou apoiantes ficam ameaçados com severas penas de prisão.

Um tribunal de Moscovo já os proibiu de praticamente todas as atividades, como colocar conteúdos na internet, organizar protestos e participar em eleições.

Fundado em 2011 pelo advogado e ativista, o movimento anticorrupção liderado por Navalny é conhecido pelas suas investigações denunciando a corrupção nos círculos de poder russo.

A investigação com maior visibilidade, divulgada em janeiro, acusava o Presidente russo, Vladimir Putin, de ter mandado construir um palácio no Mar Negro, num documentário que teve 116 milhões de visualizações na rede social YouTube, forçando Putin a negar pessoalmente a acusação, num gesto raro no Kremlin.

As filiais regionais do movimento de Alexei Navalny divulgam as suas próprias investigações e organizam campanhas de “votação inteligente” para encorajar o apoio ao candidato com maior probabilidade de vencer Putin, seja qual for o seu partido político.

Navalny, 44 anos, está na prisão desde meados de janeiro, depois de ter sido detido ao regressar da Alemanha, onde passou quase cinco meses a restabelecer-se de um envenenamento do qual acusa o Kremlin.