
Em entrevista à Lusa, o vice-presidente Institucional e Corporativo da Azul, Fábio Campos, sublinhou que a reestruturação está a decorrer “de forma sólida” e conta com o apoio dos principais credores e parceiros da empresa, o que permitirá acelerar o calendário para a conclusão do processo.
Em 28 de maio, a companhia aérea anunciou que entrou com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, ao abrigo do Capítulo 11, para reestruturar as suas finanças e os acordos com credores e parceiros.
O plano é resultado de um acordo que envolve United Airlines e American Airlines, parceiras estratégicas da Azul, e a locadora de aeronaves AerCap. No seguimento deste entendimento, a Azul espera ver aprovado o plano de reestruturação ainda este ano, com os últimos passos do processo a serem dados, no máximo, até ao início de 2026, detalhou o responsável.
Fábio Campos garantiu que não estão previstos cortes de pessoal nem de rotas, tendo destacado a recente contratação de 139 novos trabalhadores, como prova de que a companhia “continua a crescer”.
Questionado sobre o impacto da reestruturação na operação em Portugal, assegurou que não vai travar qualquer plano de crescimento.
“Portugal é estratégico para a Azul. As novas rotas entre o Porto e Recife, [que arrancaram esta semana] praticamente duplicam a nossa presença no país. E a operação para Lisboa segue consolidada”, afirmou, garantindo ainda que a Azul não descarta “futuras expansões” em Portugal.
Quanto à dívida da TAP à Azul, o gestor esclareceu que não está incluída no processo de reestruturação em curso.
“Essa dívida tem vencimento no próximo ano e está a ser discutida judicialmente. Não há dúvida quanto à existência do empréstimo, mas sim quanto à constituição de garantias”, explicou.
A Azul subscreveu 90 milhões de euros de um empréstimo obrigacionista à TAP em 2016, para ajudar a liquidez da companhia portuguesa, com juros acumulados que deverão elevar o valor a cerca de 180 milhões de euros no próximo ano, de acordo com os valores apontados pelo vice-presidente Institucional e Corporativo da Azul.
Sobre a reprivatização da TAP, que deve acelerar após a tomada de posse do novo Governo, Fábio Campos defendeu que o processo deve considerar a dívida pendente com a Azul, e mostrou-se confiante de que o executivo português, enquanto acionista da companhia aérea através da Parpública, vai ter isso em conta.
“Confiamos nos contratos assinados e na justiça portuguesa. Acreditamos que esta dívida terá de ser equacionada antes de qualquer avanço na privatização”, concluiu.
Fundada em 2008, por David Neeleman, antigo acionista da portuguesa TAP, a Azul afirma operar 1.000 voos diários para mais de 160 destinos, tornando-se a número um do Brasil em ambas as áreas.
A reestruturação em curso da empresa incluirá aproximadamente 1,6 mil milhões de dólares (1,4 mil milhões de euros na cotação atual) em financiamento durante o processo e a eliminação de mais de dois mil milhões de dólares (1,7 mil milhões de euros) em dívidas.
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