"Este é o momento para fazermos a reforma há muito adiada da floresta", sublinhou o chefe do Governo, em conferência de imprensa, no final de um Conselho de Ministros dedicado aos fogos que deflagraram nos últimos dias em Portugal, nomeadamente o de Pedrógão Grande, que vitimou até agora 64 pessoas.

Contudo, assinalou o primeiro-ministro, a reforma estrutural da floresta "não produz efeitos num mês, num ano ou em dois anos, sendo "uma reforma estrutural que implica um trabalho profundo" e que "terá um impacto estrutural, mas seguramente demorado, na produção dos seus resultados".

"Esse facto não deve inibir, nem justifica qualquer novo adiamento nestas reformas. Se significa que leva mais tempo a produzir efeitos, [então significa que] temos de começar mais cedo a sua execução", prosseguiu.

Costa interveio durante cerca de 20 minutos no arranque da conferência de imprensa, mas saiu depois para Bruxelas, onde vai participar, entre hoje e sexta-feira, no Conselho Europeu.

O primeiro-ministro sublinhou ainda que o Conselho de Ministros já aprovou no ano passado a criação de um grupo interministerial sobre o tema e foram já enviados para o parlamento vários textos sobre a floresta e diferentes eixos da sua reforma.

É necessário, insistiu Costa, não serem adiadas "as medidas de fundo que são necessárias tomar" para "ter uma floresta mais resistente, mais produtiva e que assegure um melhor desenvolvimento regional".

O primeiro-ministro reiterou, numa fase em que todos os fogos na zona afetada estão dominados, que o "prioritário" agora é "reconstituir e restabelecer a normalidade de vida nos concelhos mais afetados" e garantir apoio "às famílias cujos bens foram danificados, às empresas que perderam capacidade de funcionar, e ao setor agrícola, cuja capacidade produtiva tem de ser restabelecida".

O incêndio que deflagrou no sábado à tarde em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, e que foi dado como dominado na tarde de quarta-feira, provocou pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos.

O fogo começou em Escalos Fundeiros e alastrou depois a Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, no distrito de Leiria.

Desde então, as chamas chegaram aos distritos de Castelo Branco, através do concelho da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra.

Este incêndio já consumiu cerca de 30.000 hectares de floresta, de acordo com dados do Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais.