O anúncio sobre o documento ocorre numa altura em que o país vive uma profunda crise económica, correndo mesmo o risco de vir a enfrentar uma catástrofe humanitária.
Ahmad Wali Haqmal, porta-voz do Ministério das Finanças, não detalhou os montantes que constam da proposta orçamental, limitando-se a dizer, segundo a agência France-Presse (AFP), que o documento será aprovado pelo governo antes de ser tornado público.
“Estamos a tentar financiar o orçamento com os nossos rendimentos internos e acreditamos que vamos ser capazes”, disse o mesmo responsável, em declarações à televisão pública afegã RTA.
A ajuda internacional ao Afeganistão foi suspensa após o regresso dos talibãs ao poder em agosto último, sendo que as contas bancárias que se encontram no estrangeiro com milhões de dólares destinados ao país estão congeladas.
O Orçamento do Estado em vigor, elaborado pelo regime anterior à queda de Cabul, tinha sido elaborado sob supervisão do Fundo Monetário Internacional (FMI) e contava, nomeadamente, com 1,57 mil milhões de euros de ajudas internacionais, além das receitas internas.
Nas mesmas declarações, Haqmal admitiu que há pagamentos em atraso aos funcionários públicos, garantindo que o governo está a fazer o “melhor” para pagar as dívidas antes do final do ano.
Em novembro, as autoridades fiscais do governo talibã disseram que arrecadaram 26 mil milhões de afghanis (moeda afegã) nos dois meses e meio anteriores, incluindo 13 mil milhões em impostos, nomeadamente tarifas alfandegárias.
O porta-voz anunciou também que o executivo vai aprovar um novo imposto, cuja receita deve vir a financiar projetos de ajuda a órfãos e a pessoas que enfrentam situação de pobreza.
Por outro lado, do ponto de vista político e diplomático, as Nações Unidas anunciaram, na quinta-feira, que o embaixador afegão junto da ONU em Nova Iorque, Ghulam Isaczai, nomeado pelo presidente destituído Ashraf Ghani, foi afastado pelo governo talibã.
A missiva enviada de Cabul indica que o diplomata foi destituído de funções no dia 15 de dezembro.
Até ao momento, a missão afegã na ONU não se pronunciou sobre o afastamento do embaixador.
Segundo vários diplomatas consultados pela AFP, numa altura em que o Afeganistão atravessa uma grave crise financeira e económica, a missão junto da ONU enfrenta sérias dificuldades para manter-se em funções.
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