“Concordo com esta decisão. 70% dos alunos estão inscritos em instituições de Lisboa e do Porto, mas nem todos vivem lá, há muita gente que vai para lá oriunda do interior e de outras zonas do país”, disse à agência Lusa a reitora da Universidade de Évora (UÉ), Ana Costa Freitas.
Por isso, continuou a reitora da universidade alentejana, que tem cerca de oito mil alunos, “esta medida faz todo o sentido”, porque contribui para “evitar a deriva demográfica” dos estudantes do interior para o litoral.
“Se queremos que o interior do país se desenvolva e tenha mais emprego qualificado, também é preciso que as pessoas conheçam o interior”, salientou.
Também Paulo Águas, reitor da Universidade do Algarve (UAlg), que tem aproximadamente oito mil alunos, considerou à Lusa que a redução de vagas é “positiva”, embora, por enquanto, não esteja a ser equacionada a abertura de novos cursos na instituição para atrair os estudantes.
“A Universidade do Algarve considera que esta decisão do Governo é positiva porque, assim, vai permitir-nos aumentar o recrutamento de novos estudantes”, observou.
A Universidade do Algarve foi fundada em 1979 e o número de estudantes internacionais que a procura tem vindo a aumentar nos últimos anos, sobretudo alunos de nacionalidade brasileira.
A redução de 1.100 vagas no acesso a nove instituições do ensino superior em Lisboa e no Porto vai avançar e consta de um despacho do Governo, que já foi enviado para publicação em Diário da República e ao qual a Lusa teve hoje acesso.
No próximo concurso nacional de acesso haverá menos lugares à disposição na Universidade Nova de Lisboa, Universidade do Porto, Universidade de Lisboa, ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, Instituto Politécnico do Porto, Instituto Politécnico de Lisboa, Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, Escola Superior de Enfermagem do Porto e Escola Superior de Enfermagem de Lisboa.
Segundo a reitora da UÉ, trata-se de “uma política séria do Governo” para atrair mais alunos para as instituições de ensino superior no interior do país: “Tem de se começar por algum sítio e esta é uma forma de começar, acho que faz todo o sentido”.
Na universidade alentejana, segundo a reitora, as vagas “são sempre todas preenchidas anualmente”.
Agora, acrescentou, está a ser equacionado o aumento das vagas num conjunto de cursos já existente para dar resposta à subida do número de estudantes resultante do corte de 5% de vagas nas nove instituições de Lisboa e do Porto.
“Para nós, este corte de 5% deve representar mais 40 ou 50 vagas. Já estivemos a fazer um estudo e, no próximo ano letivo, vamos dar esse número extra de vagas nos cursos em que ficaram de fora alunos que colocaram a Universidade de Évora como 1.ª opção”, disse.
Engenharia Mecatrónica, Medicina Veterinária, Línguas e Literatura, História, Relações Internacionais, Gestão ou Economia são alguns dos cursos de licenciatura na UÉ em que a procura por parte dos alunos ultrapassa atualmente a oferta (número de vagas).
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