Há muito que o dia 19 de março era esperado por proprietários e chefes dos restaurantes de Vila Nova de Gaia e do Porto, que a partir de hoje podem receber os clientes no interior dos seus espaços.

“Ansiávamos todos por este dia. Estamos todos desesperados, já ninguém aguenta mais. Isto já não tem nada a ver com o restaurante abrir ou faturar. Já começa a ser psicológico”, salientou, em declarações à Lusa, José Cordeiro, chefe do restaurante Blini, minutos antes de reabrir.

Situado em Vila Nova de Gaia, o Blini, que abriu há cinco anos, vai agora começar da “estaca zero”, preparando-se para este “novo iniciar” que se avizinha “lento e calmo”.

“Estamos expectantes, mas para mim vai ser um começar lento e calmo. A partir de maio, junho, julho, agosto e setembro, aí sim, acredito que as coisas voltem um bocadinho ao normal, mas não vai ser nunca como antigamente”, salientou o chefe.

Na outra margem do rio Douro, a ânsia de voltar a ter os clientes à mesa é igualmente sentida por António Vieira, chefe do restaurante Wish, na zona da Foz.

“É um dia de muita ansiedade especialmente pelo tempo todo que estivemos fechados. Ainda que com algum medo da reabertura porque isto pode dar a volta de um momento para o outro, mas é um dia muito importante”, salientou.

Pelas 12:30, os clientes, que maioritariamente reservaram mesa, iam entrando no espaço, com capacidade para 38 a 40 lugares no interior e 28 pessoas nas esplanadas.

“Este tipo de restaurante não é feito só para comer, é para conviver com os amigos, para estar, para ter um serviço de excelência e acho que essa parte faltava”, salientou o chefe, que esta noite tem já “casa cheia”.

No Wish as reservas, tanto para almoçar, como para jantar estão já a “compor-se” e os clientes a aderir, como é o caso de Edgar Ferreira, um dos habituais no espaço que abriu portas há seis anos na Foz.

“Tenho uma equipa com quem trabalho, habitualmente fazíamos almoços e esta é a primeira vez que podemos. Portanto, decidimos vir logo no primeiro dia”, referiu Edgar Ferreira, salientando o desejo que todos sentem de “socializar um pouco”.

“Se mantivermos alguma cautela e precaução estamos seguros e podemos almoçar com tranquilidade”, afirmou.

Da Foz à Baixa da cidade do Porto, o movimento de pessoas, tanto em restaurantes, como em lojas é notório, como é o caso do Centro Comercial na Rua Miguel Bombarda, que reabriu hoje.

“Foi um dia um bocadinho mais fraco, mas já era de esperar porque foi o primeiro. Muitos clientes não sabiam que íamos iniciar”, afirmou Lais Costa, proprietária do restaurante Pimenta Rosa, por onde passaram durante a hora de almoço mais de 20 clientes.

Com a equipa também ansiosa para arregaçar as mangas e voltar a trabalhar, Lais Costa admitiu sentir-se com “menos força” do que no primeiro desconfinamento, acreditando que esta retoma vai ser pautada “dia após dia”.

“Há um certo receio, mas estou positiva. Estamos a dar nosso melhor e queremos que isto vá para a frente”, referiu.

Do outro da rua, o chefe Marco Gomes, do restaurante Oficina prepara-se para esta noite voltar a ligar as máquinas e abrir portas numa tentativa de “recuperar os meses” até agora “perdidos”.

“As pessoas estão com muita vontade de vir aos restaurantes, naturalmente, nós também somos fiscais desta reabertura. O nosso cliente ligou-nos e está a começar a fazer reservas”, afirmou.

Apesar disso, o chefe, que considera que esta segunda vaga “rebentou” com o setor, afirmou ser difícil de compreender as restrições de horário de fim de semana.

“Basicamente, é dar um chupa-chupa ao restaurador e depois, quando se começar a ter o sabor, retirá-lo. É o que acontece com a restauração”, afirmou.

O chefe salientou a necessidade de se continuar a apoiar o setor “independentemente de se abrir agora”.

“Esta fase para nós é como ter uma criança a dar os primeiros passos. A criança nunca pode ficar sozinha. Estas empresas precisam do apoio do Governo”, salientou.

Por: Sofia Cortez (texto) e José Coelho (fotos) da agência Lusa

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