"Ainda não existe nenhum estudo de prevalência publicado em Portugal, mas as previsões é que as necessidades rondem as 1.200 a 1.500 crianças com necessidades de cuidados paliativos", explicou aos jornalistas Cândida Cancelinha.

A médica, que falava à margem do IX Plenário Regional das Unidades Coordenadoras Funcionais, que decorreu hoje no Hospital Pediátrico de Coimbra, salienta que, apesar de não existir um levantamento nacional, "sabe-se que aquilo que se está a prestar ainda é muito aquém das necessidades".

A atual equipa, constituída por três médicas, duas enfermeiras, mais duas enfermeiras de reabilitação, uma assistente social e uma psicóloga, acompanha atualmente 46 crianças em ambiente hospitalar e cerca de 30 no domicílio.

"O nosso objetivo é ter uma equipa com dedicação exclusiva, que ainda não temos neste momento, visto que nenhum dos elementos tem alocação completa do seu horário para os cuidados paliativos, e conseguir que nos diferentes níveis de cuidados hospitalares e primários que também as equipas comecem a ter mais formação, quer teórica, quer prática, para começar a incrementar outro tipo de respostas", referiu.

Ainda sem data para uma equipa a tempo inteiro nesta área, Cândida Cancelinha refere que, nas recomendações de saúde, o que está previsto em Portugal "é que as equipas especializadas possam alocar idealmente o tempo completo".

Esta equipa a tempo inteiro, segundo a responsável, iria possibilitar assistir um maior número de crianças e aquelas que estão em fase de agravamento e deterioração clínica, acompanhamento e consultas mais regulares do que "atualmente se consegue".

"Muito daquilo que são os cuidados paliativos são prestados pelos diferentes profissionais e quando a criança é seguida em várias consultas há sempre a abordagem multiprofissional e nas diferentes dimensões: no controlo de sintomas, no apoio emocional, psicológico e social", disse.

De acordo com a coordenadora da Equipa Intra-Hospitalar de Suporte do Hospital Pediátrico de Coimbra, "há um conjunto de cuidados que tem vindo a ser prestado desde sempre, mas que nas situações mais complexas é, de facto, necessário que seja prestado de forma mais eficaz e mais sedimentada com pessoas que tenham formação específica na área".

Cândida Cancelinha adiantou ainda que já foi apresentada uma proposta para a criação de uma unidade de internamento em cuidados paliativos, que já recebeu autorização, e o "objetivo é que a curto prazo funcione de forma plena".

O internamento é importante porque a "alocação de recursos também é diferente e há uma maior disponibilidade, ao nível de recursos de enfermagem, para assistir e deve pensar-se que uma criança que pode estar em fim de vida pode ter um enfermeiro que assiste mais seis ou sete crianças".

"A intenção é rentabilizar os recursos que existem, humanizar a prestação de cuidados e permitir que se aumente a disponibilidade de internamento para outras unidades da região centro", explicou.

Em 2017, adiantou, foi também efetuada uma candidatura para um programa de internamento no domicílio, que não foi aprovada, mas que "avançará quando houver nova oportunidade e incentivo para isso, já que requer um aumento significativo dos recursos e disponibilidade de médico e enfermeiro 24 horas por dia".

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