“Seguramente que se temos níveis intoleráveis de pobreza laboral a responsabilidade é mais [do primeiro-ministro] do que minha. Agora, se queremos, efetivamente, ultrapassar esse indicador, que é muito mais um indicador de subdesenvolvimento do que de desenvolvimento, não é com medidas pontuais. Podemos ter uma medida pontual ou outra que pode atenuar um bocadinho, mas que não resolve o problema”, considerou.
Em declarações aos jornalistas, à chegada para um jantar da 7.ª Academia de Formação Política para Mulheres, em Vila Nova de Gaia, Rui Rio destacou serem necessárias “medidas concretas” para mitigar a “médio e longo prazo” os níveis de pobreza laboral registados em Portugal.
“Tentar resolver no curto prazo só vai agravar porque ou temos riqueza produzida para distribuir bem ou não temos”, disse o líder dos sociais-democratas, tecendo críticas ao Governo por “produzir uma mensagem agradável” para as pessoas com “medidas de ordem pontual que não resolvem o problema”.
Para Rui Rio, o problema “é muito simples” de resolver e passa pelo desenvolvimento da economia, do crescimento económico e produção de riqueza para “depois distribuir [a riqueza] de forma correta e eliminar a pobreza”.
“Se não conseguirmos dar competitividade à nossa economia, se não colocarmos as empresas em primeiro lugar em termos das prioridades políticas, escusamos de estar à espera de melhores salários. Isso é um erro do PS de base sempre”, afirmou, acrescentando que o partido vai “tentar com duas ou três medidas distribuir aquilo que quase não existe” e que, com as políticas que tem seguido, o país vai “continuar a empobrecer”.
“As políticas não têm sido as corretas e o PS nisso é paradigmático e durante o tempo da geringonça ainda pior foi para esse efeito, mas agora com a maioria absoluta a coisa não alterou muito”, observou.
O primeiro-ministro, António Costa, considerou hoje “intoleráveis” os níveis de pobreza laboral que se registam em Portugal e apontou o combate à precariedade e à intermitência laboral como “absolutamente essencial”.
“Mas não podemos ignorar que vivemos numa sociedade onde, apesar de o salário mínimo nacional ter aumentado 40% e estar hoje, claramente, acima do limiar de pobreza, persistem níveis intoleráveis de pobreza laboral, cerca de 10% de quem declara rendimentos do trabalho está abaixo do limiar de pobreza”, afirmou António Costa, no Porto, na abertura do Congresso Nacional da Rede Europeia Anti-pobreza.
O chefe do Governo explicou que a “causa fundamental” daquela situação está relacionada com a existência de “rendimentos intermitentes” e com o facto de muitos trabalhadores terem rendimentos inferiores a 12 ou 14 meses de salário.
“Por isso, o combate à precariedade e à intermitência laboral é absolutamente essencial”, salientou António Costa.
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