O governante falava à agência Lusa no final de uma conferência promovida pela RTPÁfrica para assinalar duas décadas de emissões, iniciadas a 7 de janeiro de 1998, para Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
“A RTPÁfrica é importante em todos os países africanos de língua portuguesa. Tornou-se uma espécie de segundo canal em todos deles e é uma maneira de estarmos juntos”, disse Castro Mendes.
Para o também diplomata, em 20 anos mudou-se muito e a evolução deve seguir no sentido de os seis países se olharem uns aos outros de maneira “adulta, descomplexada e descolonizada”.
“A RTPÁfrica tem um papel fundamental nesta partilha e nesta conversa constante que os povos de língua portuguesa devem continuar a ter, não numa perspetiva passadista, mas de futuro, de resposta aos desafios ao mundo contemporâneo, de juntarmos as nossas forças para nos afirmarmos no mundo”, sublinhou.
Salientando a “sensibilidade” portuguesa para as questões africanas, Castro Mendes citou o músico e escritor angolano Kalaf Epalanga - “Lisboa é uma capital africana” - para destacar a importância que Portugal dá à afirmação de África no plano internacional.
“O que é desejável é que o olhar dos africanos e dos portugueses se encontre, que haja cada vez mais produção africana, ao mesmo tempo que a produção portuguesa possa ser vista em África também, para que a nossa produção seja conhecida e vista nos países africanos de expressão portuguesa e noutros países africanos”, referiu.
Por seu turno, e também no final da conferência, o presidente da RTP, Gonçalo Reis, lembrou que se percorreu um longo caminho nos últimos 20 anos, mas que “ainda há muito a fazer”, razão pela qual se juntaram, em Portugal, os seis presidentes dos canais públicos de televisão, que assinaram a Declaração de Lisboa para preparar ações futuras comuns.
“Quisemos que estas comemorações também tivessem conteúdo e não só reflexão, e conseguimos reunir os seis presidentes das televisões – cinco africanos e a nossa. Não é um mais cinco, somos realmente seis”, disse.
“Assinámos a Declaração de Lisboa, que é, no fundo, um compromisso público para fazermos mais na partilha de conteúdos na e da RTPÁfrica e que possam passar a ser emitidos pelos operadores africanos, em mais ações de cooperação e de formação, sobretudo no desenvolvimento de competências, oportunidades de estágios, enfim, partilha de conhecimento”, especificou.
Gonçalo Reis salientou, por outro lado, a decisão de atuarem articulados em fóruns e instituições internacionais com vocação africana, dando como exemplo a própria Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), tendo ficado já assente o compromisso de agirem nesse sentido na próxima cimeira da organização, a realizar em julho deste ano em Cabo Verde.
“Há assim uma série de mecanismos que nós, agora, vamos desenvolver no sentido de fomentar o papel da RTPÁfrica numa lógica de cooperação integrada”, afirmou o presidente da RTP, destacando, depois, o papel da cadeia de televisão portuguesa na África lusófona.
“A RTPÁfrica é um canal editado em Lisboa, o que só é possível pela nossa presença em toda a África Lusófona. Temos delegações muito fortes, que alimentam o canal com um conteúdo diário. Termos conteúdos de música, informação, debate, documentário e entretenimento. (…) É um canal em que mais de 50% das horas é específico da RTPÁfrica e não um repositório de vários canais. É um canal feito a pensar na lógica de África”, sublinhou.
Por outro lado, o presidente da RTP definiu a RTPÁfrica como “um canal de comunidade”, que tem uma “lógica diferente e única” da dos canais internacionais da “BBC, France Television e até dos espanhóis”.
“São (canais) internacionais, mas num sentido, da Europa para o mundo. A RTPÁfrica é um caso único no mundo, pois é um canal em comunidade, em que temos conteúdos que transportam uma imagem e uma realidade de Portugal para África, mas trazem também para Portugal, todos os dias, a diversidade cultural e a riqueza dos países africanos”, concluiu.
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