O presidente da câmara do Porto diz ser “inaceitável que subitamente se crie uma situação de verdadeira exceção” quanto ao crescimento da covid-19 em Lisboa e Vale do Tejo. Num vídeo divulgado após o anúncio de que para fazer frente aos novos casos Lisboa terá direito a mais vacinas e testes, Rui Moreira exige ao governo e às autoridades de saúde “um tratamento equitativo”, considerando que não se podem alterar regras só porque se trata de Lisboa. “Prejudica a unidade nacional”, alerta.
O autarca independente diz que, “como qualquer português”, está “totalmente solidário” perante o recrudescimento da covid-19 em várias zonas do país, em particular em Lisboa e Vale do Tejo, mas alerta que o que aconteceu em Lisboa e Vale do Tejo não pode ser tratado de ânimo leve.
“Depois do que sucedeu em Lisboa e Vale do Tejo, e estão identificadas as razões pelas quais houve este crescimento súbito, e muito preocupante, do número de casos, aquilo que se esperava é que fossem tomadas medidas semelhantes àquelas que foram tomadas no resto do país”, avisa. “Bem sei que são mais pessoas, mas parece-me haver claro benefício ao infrator”, acrescenta.
“Não pode deixar de nos causar alguma revolta, quando municípios como o Porto se esforçam para fazer centros de vacinação drive-thru e isso é recusado pelo ministério da Saúde”, acusa ainda Rui Moreira. “Mas em Lisboa o que acontece é que não se vai acelerar as medidas de confinamento”, constata Rui Moreira, que afirma também que as ordens “são emanadas do centro do poder”.
“Quero dizer ao Governo e às autoridades de saúde que exigimos um tratamento equitativo. Não se podem alterar as regras. Prejudica a unidade nacional”, conclui.
A vacinação contra a covid-19 em Lisboa e Vale do Tejo vai ser acelerada nas faixas dos 40 e 30 anos para reforçar as medidas de controlo da evolução epidemiológica, após um aumento de infeções, anunciou hoje o Governo.
“Haverá uma aceleração no processo de vacinação em Lisboa, começando a vacinação na faixa dos 40 anos no dia 06 de junho e na [faixa] dos 30 anos a partir de 20 de junho”, afirmou o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, numa conferência de imprensa de apresentação das medidas a implementar na região de Lisboa e Vale do Tejo.
A conferência decorreu no Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), em Lisboa, com a participação também do presidente do INSA, Fernando Almeida, e do diretor de Serviços de Informação e Análise da Direção-Geral da Saúde, André Peralta Santos.
António Lacerda Sales explicou que, “por ser uma região mais populosa, Lisboa e Vale do Tejo está ligeiramente mais atrasada na vacinação do que outra regiões, tendo 32% da população já vacinada como pelo menos uma dose”, apresentando como exemplo o caso da região Centro em que 38% da população já está vacinada.
O secretário de Estado Adjunto e da Saúde disse que os instrumentos que hoje estão disponíveis para fazer face à situação epidemiológica e pandémica são bem diferentes do que existiam há uns meses, referindo-se à testagem massiva, à vacinação, ao rastreamento e ao reforço das ações ao nível da saúde pública, o que permite ter “maior capacidade de antecipação e de ação”.
Já após o anúncio, o Observador avançou citando fonte oficial da equipa liderada pelo vice-almirante Henrique Gouveia e Melo que já estava previsto que os maiores de 40 e, depois, os maiores de 30 começassem a ser vacinados por volta dessas datas em todas as Administrações Regionais de Saúde, e não apenas na de Lisboa e Vale do Tejo.
A zona da capital, onde se tem registado o maior aumento de casos, não será, por isso, qualquer exceção.
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