As tropas russas “transferiram o controlo da fábrica para os ucranianos por escrito e transferiram dois comboios de militares para a Bielorrússia”, adiantou a AIEA em comunicado.

De acordo com AIEA, um terceiro comboio russo partiu para a Bielorrússia da cidade de Slavutych (norte), onde vive grande parte dos gestores de resíduos radioativos de Chernobyl.

No local daquela central onde ocorreu o maior desastre nuclear da história, em 1986, ainda existem “algumas forças russas”, embora as autoridades ucranianas “presumam” que estão a preparar-se para partir, segundo o comunicado.

Por outro lado, acrescentou a AIEA, cujo diretor-geral, Rafael Grossi, se deslocou na quinta-feira à Rússia depois de visitar a Ucrânia, “não conseguiu confirmar” até ao momento as informações de que os soldados russos teriam sido expostos a elevados índices de radiação, enquanto se mantiveram na área.

A AIEA – agência do sistema da ONU encarregada de garantir a segurança na utilização da energia nuclear – afirmou que continua a “procurar mais informações para fornecer uma avaliação independente da situação”.

O regulador ucraniano Energoatom informou hoje no Telegram que as tropas russas foram expostas à radiação depois de terem construído “fortificações” e cavado trincheiras “no meio da Floresta Vermelha, a mais contaminada de toda a Zona de Exclusão” em torno de Chernobyl.

“Sem ser surpreendente, os ocupantes receberam doses significativas de radiação e entraram em pânico ao primeiro sinal da doença. E isso manifestou-se muito rapidamente. Como resultado, quase rebentou um motim entre os militares [russos]”, observou o Energoatom.

No entanto, a fonte ucraniana não confirmou que os militares que receberam grandes doses de radiação foram transferidos para a Bielorrússia para tratamento, um comentário que circulou nas redes sociais na quinta-feira sem ser verificado de forma independente.

A central nuclear de Chernobyl, localizada a norte de Kiev, não está ativa, mas ainda requer tarefas de controlo, análise e vigilância.

Após ser ocupada pelo Exército russo em 24 de fevereiro, a antiga fábrica tem sido motivo de preocupação para a AIEA, já que o pessoal que lá trabalhava ficou detido por quase um mês sem descansar.

Só em 20 de março começou a rotação dos trabalhadores, que foi concluída no dia seguinte.

Desde então, a “Ucrânia não relatou nenhuma rotatividade de pessoal”, acrescentou a AIEA.