Sabrina de Sousa, que se encontra atualmente nos Estados Unidos em tratamento médico, precisou à AP que parte para Itália na próxima sexta-feira.

Contactado pela agência Lusa, Magalhães e Silva, advogado de Sabrina de Sousa em Portugal, mostrou-se surpreendido com a informação de que a ex-agente da CIA parte para Itália esta semana, porque falou com ela, por telefone, na quarta-feira, e o assunto não foi sequer mencionado.

O advogado lembrou que ainda se aguardava uma decisão do tribunal italiano no sentido de substituir a pena de prisão aplicada a Sabrina de Sousa por trabalho a favor da comunidade, pelo que estranha a intenção de regressar a Itália manifestada pela ex-agente da CIA.

Admitiu, contudo, que nas últimas 24 horas Sabrina de Sousa possa ter recebido alguma informação de Itália que o advogado ainda não disponha.

A ex-agente da CIA, detida em 2015 em Portugal ao abrigo de um pedido de extradição para Itália, foi libertada em março passado por decisão do Tribunal da Relação de Lisboa, após o Presidente italiano, Sergio Mattarella, ter concedido um perdão de um ano à pena de quatro anos de prisão aplicada a Sabrina de Sousa, em julgamento à revelia, pelo rapto do radical islâmico Abu Omar, em 2003.

Após o perdão de Mattarella, o Tribunal da Relação de Lisboa determinou que Sabrina de Sousa fosse "colocada imediatamente em liberdade", por solicitação das autoridades transalpinas, uma vez que, pela lei italiana, as penas até três anos podem ser substituídas por trabalho a favor da comunidade.

A diminuição da pena de prisão levou o procurador de Milão, titular do processo de Sabrina de Sousa, a revogar o Mandado de Detenção Europeu (MDE), cancelando a extradição da ex-agente da CIA.

Na altura, Magalhães e Silva disse que Sabrina de Sousa tudo faria para obter a imunidade diplomática junto do Tribunal Constitucional italiano e suscitar ao Estado italiano que levante o segredo relativo às informações de que os serviços secretos daquele país dispõem e que provam que não esteve ligada ao rapto de Abu Omar.

A ex-agente da CIA havia perdido vários recursos contra a extradição desde que foi detida no aeroporto de Lisboa, em outubro de 2015.

Sabrina de Sousa nasceu em Goa, na Índia e tem dupla nacionalidade (norte-americana e portuguesa).