De acordo com o estudo “A distribuição dos salários em Portugal no período 2006-2020”, que será também publicado esta semana no Boletim Económico de março do BdP, a evolução do salário médio real no setor privado registou dinâmicas diferenciadas durante esse período, afetado por três recessões económicas.

Entre 2006 e 2009, o salário médio real apresentou um perfil ascendente, mas entre 2010 e 2012 caiu, tendo recuperado a partir de 2013, sobretudo entre 2018 e 2020.

O crescimento anual médio do salário entre 2006 e 2020 foi, em termos reais, de 1%.

Já a inflação média anual entre 2006 e 2020, medida pelo Índice de Preços no Consumidor (IPC), foi de 1,1%, pelo que o crescimento do salário médio em termos nominais foi de 2,1%, situando-se em 1.312 euros em 2020.

O crescimento do salário real foi, contudo, diferenciado em diversos grupos sociodemográficos, com os salários das mulheres a crescerem em média 1,4% ao ano, mais do que os dos homens (0,8%), “num contexto de um aumento mais expressivo da escolaridade na população feminina”.

Registou-se uma maior compressão salarial em Portugal, sobretudo devido ao aumento do salário mínimo nacional ao longo dos anos, principalmente a partir de 2014, e uma queda ao nível da desigualdade salarial entre homens e mulheres em todos os níveis de escolaridade.

No período analisado, registou-se um maior crescimento dos salários dos trabalhadores mais jovens e com ensino básico, refletindo a percentagem mais alta de trabalhadores que recebem salário mínimo nestes grupos.

Os trabalhadores com salários mais altos tiveram aumentos salariais mais baixos entre 2006 e 2020 devido a uma maior oferta de emprego com maiores qualificações, num período marcado por alterações demográficas e por um aumento expressivo da escolaridade.

O salário real dos trabalhadores com ensino superior e secundário registou uma queda, numa altura em que se verificou um aumento “significativo” da entrada de jovens no mercado de trabalho com estes níveis de ensino, pode ler-se no documento.

O estudo refere que “a média do salário real dos trabalhadores com ensino secundário reduziu de 1.092 euros, em 2006, para 1.047 euros, em 2020. Em 2006, o salário real médio dos trabalhadores com ensino superior era de 1.745 euros, 134 euros acima do observado em 2020”.

O BdP explica que o período em análise foi marcado pela entrada de muitos jovens no mercado de trabalho com ensino secundário, enquanto a entrada de jovens com ensino superior apresentou um perfil estável ao longo do período, assistindo-se a uma recomposição, com um aumento das entradas de jovens com mestrado e uma redução dos jovens com licenciatura ou bacharelato.

Em 2020, o salário médio real de um trabalhador com licenciatura era superior em 52% ao de um trabalhador com ensino secundário (o que compara com 60% em 2006).

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