“É uma situação muito delicada [na Venezuela]. O secretário Tillerson quis saber a opinião portuguesa porque sabia que temos interesses específicos na Venezuela, relacionados com a segurança e bem estar da comunidade portuguesa aí residente”, disse Augusto Santos Silva.
“Dei as informações de que disponho e também estivemos de acordo na necessidade de convocar todas as partes para um diálogo político sério, o que do nosso ponto de vista só é possível se a Venezuela regressar ao seu calendário eleitoral”, acrescentou o ministro português.
Os EUA anunciaram ontem sanções contra 13 venezuelanos, na tentativa de dissuadir o presidente Nicolás Maduro com o seu projeto de criar uma Assembleia Constituinte, que é eleita este domingo. As medidas constituem a terceira ronda de sanções contra o país aprovadas pela administração Trump.
Quanto a Portugal, Santos Silva diz que o país “participou ativamente no consenso que se formou na União Europeia, e do qual resultou a declaração da União Europeia, emitida ontem [quarta-feira], e que representa a posição portuguesa.”
A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Federica Mogherini, em comunicado, pediu quarta-feira a Caracas que tome medidas “geradoras de confiança” antes das eleições para a Assembleia Constituinte, no domingo.
Os 28 querem que Caracas e a oposição retomem o diálogo, disponibilizando-se a “apoiar, por todos os meios possíveis, a criação de um ‘grupo de amigos’ na região, a fim de contribuir para os esforços dos intervenientes políticos na Venezuela no sentido de encontrar uma solução pacífica, democrática e inclusiva para a crise no país”.
Mogherini estabelece “quatro condições essenciais para o êxito de qualquer acordo: o respeito pela separação de poderes, a libertação dos opositores políticos detidos, a cooperação externa para dar resposta às necessidades mais urgentes da população, e um calendário claro para as eleições que estão previstas nos termos da Constituição, para que o povo venezuelano possa exprimir a sua vontade por sufrágio livre, direto e universal”.
Sobre a Coreia do Norte, que continua a realizar testes de mísseis contra as diretivas da comunidade internacional, o ministro explicou que “é do interesse americano que toda a comunidade internacional esteja unida contra os atos hostis e as ameaças que provêm da Coreia do Norte” e que “a posição portuguesa é clara” a esse respeito.
No encontro, Tillerson e Santos Silva falaram também sobre a Base das Lajes e a decisão americana de reduzir o seu contingente, tendo o ministro anunciado que um novo projeto de defesa, na área da segurança atlântica, será apresentado “em detalhe” pelo ministro da defesa português ao seu homólogo americano.
Ainda esta tarde, Augusto Santos Silva reúne-se em Washington com a diretora do African Center for Security Studies, Kate Knopf, e com a senadora democrata Elizabeth Warren.
“Tenho aproveitado as minhas vindas a Washington para, além dos contactos na Casa Branca e no Departamento de Estado, fazer contactos no Congresso. O objetivo é sempre o mesmo: dar conta da posição portuguesa e da importância que Portugal atribui à relação bilateral com os EUA”, explicou o ministro sobre o encontro com a senadora Warren.
Comentários