O presidente do PSD defendeu hoje que “não é tempo de abrir uma crise política”, mas acusou o primeiro-ministro de ser o responsável pela instabilidade governativa e de já não ter sequer capacidade de fazer uma remodelação.
A remodelação no Governo “é o PS a desmerecer a oportunidade que tem”, refere Luís Montenegro em conferência de imprensa esta segunda-feira.
O PSD não quer uma crise política, nem espera a queda do governo, mas, segundo Montenegro, o seu partido estará pronto para assumir a governação quando chegar o momento e acusa António Costa por ser o "único responsável para atual crise governativa".
"A crise governativa só tem um responsável e esse é António Costa", disse o líder da oposição.
"O partido socialista não resiste à voragem de meter o dedo em tudo. O problema é que esses casos são graves", aponta Luís Montenegro fazendo referência às saídas de membros do Governo por diversas razões sendo o caso da TAP a mais recente polémica que provocou a saída do ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos e do seu secretário de Estado, Hugo Mendes.
"Não somos nós que temos desviado as atenções do país para as gaffes e para as prepotências do Governo", disse Montenegro, acusando o governo de Costa de apresentar uma "postura arrogante" e agir com normalidade perante as "meias verdades e as meias mentiras", frisou.
Luís Montenegro fez ainda saber que o seu partido continuará a fazer oposição. " O Governo não terá um segundo de descanso no escrutínio e fiscalização", disse.
"Não nos habituamos a silenciar os casos e erros do Governo, não vamos deixar que o PS habitue os portugueses à pobreza. O primeiro-ministro quer um país habituado a tudo isso, mas o povo vai habitua-lo a deixar de ser primeiro-ministro".
Luís Montenegro disse ainda que "o Governo desapareceu nos últimos dias e que vai aparecer hoje (António Costa prevê falar ao país nesta segunda-feira), para ir ao banco de reservas fazer uma remodelação que nem isso é", frisou em relação ao anúncio desta tarde em que o secretário de Estado do Ambiente, João Galamba, passa a ser ministro das Infraestruturas.
O Governo prepara-se ainda para criar o ministério da Habitação que será chefiado por Marina Gonçalves. Mas para Montenegro, a remodelação do ministério das Infraestrutras não é suficiente, apontando as baterias para a pasta das Finanças de Fernando Medina.
“Se eu fosse primeiro-ministro e tivesse um ministro das Finanças que tivesse este comportamento, sairia do Governo, o que o primeiro-ministro vai fazer é manter um peso morto no Governo, está desprovido de autoridade”, criticou.
O primeiro-ministro "já perdeu o ministro das finanças, porque este perdeu a autoridade política com o caso Alexandra Reis", disse o líder do PSD, considerando o caso TAP/Alexandra Reis de uma " situação intolerável" já que, segundo Montenegro, Fernando Medina deveria ter apresentado a demissão.
"Se o ministro das Finanças não sabia do percurso da pessoa que contratou está a revelar inaptidão para seguir no governo", disse reforçando que se fosse com ele, já teria demitido Fernando Medina.
Questionado como votará o PSD a moção de censura ao Governo apresentada pela Iniciativa Liberal, Luís Montenegro remeteu para terça-feira o anúncio da posição do partido, revelando que vai reunir a Comissão Política, ao início da tarde, e que participará na reunião do grupo parlamentar, ao final do dia.
O primeiro-ministro, António Costa, propôs hoje os atuais secretários de Estados João Galamba e Marina Gonçalves, respetivamente para as funções de ministro das Infraestruturas e de ministra da Habitação.
Pedro Nuno Santos demitiu-se das funções de ministro das Infraestruturas e da Habitação na passada quarta-feira à noite para “assumir a responsabilidade política” do caso da indemnização de 500 mil euros paga pela TAP à ex-secretária de Estado do Tesouro Alexandra Reis.
A demissão de Pedro Nuno Santos foi a terceira ocorrida no Governo na última semana de dezembro e a 11.ª a atingir um membro do executivo socialista de maioria absoluta.
(notícia atualizada às 18h50)
*com Lusa
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