Esta edição do certame, que se realiza há 16 anos, no pavilhão do Centro Empresarial de Bragança, fica marcada pelo pedido de medidas das autoridades locais para atenuar os prejuízos da falta de chuva na produção de castanha, nos caudais dos rios e na própria floresta.
A feira é uma montra dos três setores com maior peso económico no concelho de Bragança e com espaço para reflexão em fóruns que este ano vão abordar as consequências das alterações climáticas visíveis inclusive nos recursos florestais como os cogumelos silvestres que, neste outono, ainda não despontaram, por falta de humidade.
“Num ano normal, hoje estávamos a apanhar cogumelos e a verdade é que temos zero, não há humidade”, ilustrou o presidente da Câmara, Hernâni Dias, na apresentação do programa da feira que decorre, entre 02 e 05 de novembro.
Os soutos, os cogumelos e o mel são o tema de um dos fóruns previstos, com a organização a garantir que não faltará castanha para quem visitar a feira, contudo o concelho de Bragança, que é o maior produtor nacional, regista nesta campanha “uma quebra enormíssima, fruto da falta de água”.
A castanha que está a cair agora nos soutos já apresenta mais qualidade, depois de alguns dias de chuva, porém o grosso da produção foi afetado pela seca prolongada, deixando o fruto sem calibre e os produtores sem perspetivas de realizaram um rendimento que anualmente garante o sustente de muitas famílias nesta região.
“É uma atividade que impacto direto em todas as famílias do meio rural”, salientou o presidente da Câmara, que reiterou estar à espera de um levantamento dos prejuízos para pedir ao Governo medidas de apoio aos produtores de castanha.
A pesca é outro dos setores onde se teimam as consequências da seca severa, como salientou Paulo Cortês, do Instituto Politécnico de Bragança, um dos parceiros na organização da feira.
Na região, como disse, há muitos pescadores e muita gente que vem de fora para pescar em Bragança, onde “começou a sentir-se bastante cedo a diminuição dos caudais dos rios”, devido à falta de chuva, o que poderá ter implicações ao nível de espécies locais como a truta.
“No próximo ano poderá ser complicado porque a truta precisas de cheias e de caudais elevados para puder reproduzir-se”, observou.
A falta de água tem influência em too ecossistema e a própria caça vai desaparecendo, com o setor ameaçado também por doenças como a viral hemorrágica que continua a dizimar o coelho, a espécie venatória mais popular.
As organizações de caçadores e personalidades ligadas ao setor, como Júlio de Carvalho, reclamam uma ação imediata contra este problema, frisando que todas as vacinas, até agora disponibilizadas para a doença, não tiveram sucesso.
A “Norcaça, Norpesca e Norcastanha” conta com expositores portugueses e espanhóis e proporciona quatro dias atividades lúdicas ligadas aos setores em destaque, gastronomia, pecuária, passeios, desportos, apresentação de livros, concursos diversos.
Os estudantes estrangeiros do politécnico de Bragança vão, mais um ano confecionar e dar a provar pratos típicos dos respetivos países, enquanto fora do recinto da feira, decorre a semana gastronómica com 15 restaurantes de Bragança a apresentarem menus à base de caça, pesca e castanha.
O presidente da Câmara espera “muitos milhares” de visitantes, apontando que nas edições anteriores, passaram pela feira, em média, “25/30 mil” pessoas.
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