Os dispositivos eletrónicos que a sindicalista Marilyn Tang, de 63 anos, escondeu dos investigadores não tinham sido adulterados e não continham “nenhuma prova incriminatória” contra a irmã, disse o tribunal, que considerou, no entanto, a natureza da infração “grave”, “tornando inevitável” uma pena de prisão.
Esta condenação ocorreu depois do início, na segunda-feira, do julgamento em Hong Kong do magnata dos ‘media’ Jimmy Lai, figura local bem conhecida na defesa das liberdades cívicas.
Lai enfrenta uma pena de prisão perpétua por “conluio com forças estrangeiras” que ameaçam a “segurança nacional”, no âmbito da respetiva lei, imposta por Pequim em 2020, em resposta aos grandes protestos antigovernamentais no ano anterior, na região semiautónoma chinesa.
Suspeitas semelhantes pairam também sobre Elizabeth Tang, irmã de Marilyn, que foi detida em março mas ainda não acusada. Elizabeth Tang é também uma figura de proa da democracia em Hong Kong.
Elizabeth e o marido, Lee Cheuk-yan, fizeram campanha pelos direitos dos trabalhadores e pela democracia em Hong Kong durante quatro décadas e foram cofundadores da Confederação dos Sindicatos de Hong Kong.
Lee Cheuk-yan foi um dos organizadores da vigília anual à luz de velas realizada durante mais de 30 anos em Hong Kong em memória das vítimas da repressão na praça Tiananmen, em Pequim, em 1989.
A vigília está proibida desde 2020 e Lee Cheuk-yan, que está em prisão preventiva desde 2021 por várias acusações, pode também ser condenado a prisão perpétua.
Os tribunais de Hong Kong recusaram esta manhã (hora local) um pedido de libertação sob fiança de Chow Hang-tung, outra ativista das liberdades cívicas em prisão preventiva desde 2021, acusada nomeadamente de “incitar à subversão” ao abrigo da Lei de Segurança Nacional.
O julgamento neste caso deverá ter lugar no segundo semestre de 2024, de acordo com um calendário provisório entretanto divulgado pelos tribunais.
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