“Causa estranheza e indignação a ação deflagrada pela Força Tarefa [equipa] da Lava Jato de São Paulo na manhã desta sexta-feira em endereços ligados ao senador José Serra”, lê-se num comunicado assinado pela assessoria de comunicação do político brasileiro.
A nota acrescentou que, no meio da pandemia de covid-19, numa “ação completamente desarrazoada, a operação realizou busca e apreensão com base em factos antigos e prescritos e após denúncia já feita, o que comprova falta de urgência e de lastro probatório da acusação”.
Procuradores do Ministério Público Federal brasileiro que atuam na operação Lava Jato no estado de São Paulo acreditam que a construtora Odebrecht pagou cerca de 4,5 milhões de reais (cerca de 750 mil euros) em subornos a José Serra, entre 2006 e 2007, dinheiro supostamente usado na sua campanha para o Governo do estado de São Paulo.
Os investigadores suspeitam que o político também recebeu 23 milhões de reais (3,8 milhões de euros), entre 2009 e 2010, para facilitar a libertação de créditos junto à empresa Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), estatal que atuava nas rodoviárias do estado de São Paulo, extinta em 2019.
“Milhões de reais foram pagos pela empreiteira através de uma sofisticada rede de ‘offshores’ no exterior, para que o real beneficiário dos valores não fosse detetado pelos órgãos de controlo”, referiu um comunicado do Ministério Público de São Paulo, que detalhou a denúncia apresentada contra José Serra.
“Neste contexto, realizaram numerosas transferências para dissimular a origem dos valores, e mantiveram-nos numa conta ‘offshore’ controlada, de maneira oculta, por Vero^nica Serra até ao final de 2014, quando foram transferidos para outra conta de titularidade oculta, na Suíça”, acrescentaram os procuradores.
Já os assessores de José Serra alegaram na nota emitida em resposta à operação e à denúncia que consideram “lamentável que medidas invasivas e agressivas como a de hoje sejam feitas sem o respeito à Lei (…) em movimento ilegal que busca constranger e expor um senador da República”.
“O senador José Serra reforça a licitude dos seus atos e a integridade que sempre permeou sua vida pública. Ele mantém sua confiança na Justiça brasileira, esperando que os fatos sejam esclarecidos e as arbitrariedades cometidas devidamente apuradas”, concluiu a nota.
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