O Supremo rejeitou os argumentos da defesa contra a sentença, proferida pelo Tribunal de Recurso em novembro de 2021, que condenou Raúl Jofré González, Edwin Dimter Bianchi, Nelson Haase Mazzei, Ernesto Bethke Wulf, Juan Jara Quintana e Hernán Chacón Soto a 25 anos de prisão pelo homicídio e sequestro do músico e também do diretor do Serviço Prisional na altura, Littré Quiroga.
"Os factos descritos (...) são reais, uma vez que ocorreram num determinado lugar e tempo e estão provados, legalmente acreditados através dos meios de prova", afirmou o tribunal, na segunda-feira, num acórdão unânime.
Jara foi detido em 12 de setembro de 1973, um dia após o golpe de Estado, e morto pouco depois.
"O Tribunal, além de se referir à questão processual, tem a delicadeza de explicar os casos e os factos (...) As sentenças judiciais têm um papel reparador quando não só condenam os culpados, mas também contam as histórias das vítimas", afirmou o ministro da Justiça, Luis Cordero, após tomar conhecimento da decisão.
O caso de Jara, militante do Partido Comunista e colaborador do governo da Unidade Popular do antigo Presidente socialista Salvador Allende (1970-1973), era um dos mais importantes que a justiça chilena ainda não havia encerrado.
Referência da "Nova Canção Chilena", o artista foi transferido e torturado no Estádio Chile, onde se encontravam mais de cinco mil detidos, tendo o corpo sido encontrado junto ao Cemitério Metropolitano a 16 de setembro e enterrado de forma clandestina dois dias depois.
Em dezembro de 2009, a justiça chilena ordenou a exumação dos restos mortais de Jara, para 36 anos após a morte serem enterrados numa homenagem oficial e maciça em que participou a antiga Presidente chilena Michelle Bachelet (2006-2010 e 2014-2018).
O julgamento final ocorre 15 dias antes de o Chile comemorar o 50.º aniversário do golpe de Estado e no meio de uma forte polarização social sobre a versão oficial dos acontecimentos de 11 de setembro de 1973 e dos anos subsequentes da ditadura.
O regime do general Augusto Pinochet (1973-1990) durou 17 anos e deixou mais de 40 mil vítimas, entre executados, desaparecidos, presos políticos e torturados, além de mais de 3.200 opositores mortos pelas mãos de agentes do Estado.
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