A representatividade é uma das suas batalhas, até porque não só conhece de cor os preconceitos em torno da visibilidade pública feminina. “Quando as mulheres singram na política, na área económica ou até na empresarial, há sempre o comentário brejeiro que, se é bonita, é porque foi pela horizontal, se é feia é porque é frustrada, não tem vida própria. Temos de combater tais estereótipos”.
Ouça aqui a conversa com Edite Estrela
Foi pioneira em várias áreas e cumpriu funções tanto no país como na Europa, tendo sido eleita a melhor deputada do ano, em 2010 e 2014, na área social. Um feito no Parlamento Europeu que não se repetiu com nenhuma outra, ou nenhum outro. Porém, não está imune aos preconceitos sobre a sua idade. “Tenho 72 anos e nas redes sociais dizem-me isto: ‘Já não tem idade para se reformar, dar o lugar aos novos?’ Às vezes, apetece-me dizer que faço mais que os mais novos”.
Nunca chegou a ser ministra, porventura terá recusado o convite. À profissão, e ao tempo e empenho que lhe dedicou, deve o seu divórcio, confessa. A família ressente-se com o exercício da política de uma forma que, muitas vezes, nem imaginamos. Edite Estrela revela: “As minhas filhas sofreram muito por eu ser figura pública. Se eu tinha a capacidade de me revestir de uma certa resistência, ter uma armadura que temos necessidade para sobreviver, elas não a tinham. Isso é uma das coisas que me penaliza. Quando se ataca uma figura pública com atividade política gratuitamente está-se a prejudicar a família. Não apenas as minhas filhas, também a minha mãe sofreu bastante com acusações que me faziam, com as avaliações e apreciações brejeiras, com as graçolas proferidas. Para duas miúdas adolescentes foi penalizador”.
Também disponível em:
Comentários