O político veterano e magnata dos meios de comunicação está a ser tratado para uma "infeção pulmonar" causada por "uma condição hematológica crónica, da qual é portador há muito tempo: a leucemia mielomonocítica crónica", afirma o primeiro boletim médico divulgado desde o seu internamento na quarta-feira.

A leucemia mieloide crónica é uma forma de cancro do sangue que afeta com mais frequência pessoas com mais de 60 anos e, principalmente, homens.

Os médicos do empresário afirmaram que a doença não evoluiu para uma leucemia aguda e que ele está a ser submetido a um "tratamento citorredutor especializado" contra a infeção pulmonar, de acordo com o boletim assinado pelos professores Alberto Zangrillo e Fabio Ciceri.

Apelidado como "imortal" pela sua longevidade política, a hospitalização de Berlusconi provocou grande comoção dada a sua influência na política, economia e sociedade italiana.

"Espero que tenha força para resistir a este último golpe que tem um nome sinistro, leucemia", afirmou o vice-ministro da Cultura, Vittorio Sgarbi, amigo de Berlusconi.

O empresário, eleito senador em 2022, foi hospitalizado diversas vezes nos últimos anos. Esta quarta-feira, foi internado com urgência na unidade de cardiologia do Hospital San Raffaele com problemas respiratórios e baixos níveis de oxigénio no sangue.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Antonio Tajani, membro do partido de Berlusconi (Forza Italia), declarou à rádio Rai Uno que conversou com o médico do empresário. "Ele disse que Silvio Berlusconi teve uma noite tranquila, que a situação é estável", afirmou.

Vários familiares do ex-primeiro-ministro, os únicos autorizados a visitá-lo, compareceram nesta quinta-feira ao hospital. Entre eles estavam o seu irmão Paolo, a sua filha mais velha, Marina, e o filho mais novo, Luigi.

No fim de março, o magnata passou quatro dias internado no mesmo hospital, um dos mais prestigiados do país, para passar por uma série de exames.

De resto, "Il Cavaliere" pareceu fisicamente abalado durante as suas raras aparições públicas recentes — a era marcada pelas suas famosas festas sexuais ao ritmo de "bunga bunga", com jovens que sonhavam com a fama, está no passado.

Aliado do partido de extrema-direita da primeira-ministra Giorgia Meloni, a sua formação tem menos de 10% de apoio entre os eleitores, segundo as sondagens. "Desejo votos sinceros e afetuosos de uma rápida recuperação", escreveu Meloni no Twitter.

Berlusconi foi primeiro-ministro durante um total de nove anos entre 1994 e 2011, dominando a política do país durante duas décadas, apesar dos escândalos sexuais e dos processos que abalaram a sua imagem.