Em declarações à Lusa, Nelson Silva, dirigente do Sinttav e trabalhador da RTP, referiu que a greve que hoje termina é de “impacto” e voltou a denunciar “ameaças” recebidas pelos trabalhadores.
“A greve está a ter a adesão que nós esperávamos, ou seja, adesões cirúrgicas em grupos”, indicou, destacando que as pessoas se “organizam como entendem”.
“Nunca ninguém interrompeu um programa a meio”, salientou, referindo que é difícil contabilizar a adesão à paralisação, mas destacando que é diferente do que se tem verificado no canal público.
“Até aqui as greves que a RTP fazia eram diferentes, ou seja, era um dia marcado” sendo que o canal ”gravava os programas e nesse dia emitia os programas” que tinham sido gravados.
“Isso é muito cómodo para um Conselho de administração, porque assim não preciso de negociar”, destacou, acrescentando que “era gozar com os trabalhadores” e indicando que esta paralisação, nos moldes atuais, é mais imprevisível.
Os sindicatos mantêm ainda uma greve ao trabalho suplementar, por tempo indeterminado, lembrou.
Segundo Nelson Silva, as greves “só vão ser levantadas quando este Conselho de Administração se sentar à mesa com o sindicato, com uma base negocial sólida”, assegurou.
A estrutura já tinha hoje anunciado que os trabalhadores da RTP cumprem a partir de sábado uma nova paralisação de sete dias reclamando aumentos salariais e progressão nas carreiras e em defesa do direito à greve.
Em comunicado, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisuais (Sinttav) informou que enviou à RTP um pré-aviso de greve de sete dias para todos os trabalhadores da empresa, com início às 00:00 de sábado e até às 23:59 do dia 27.
Esta greve segue-se, então, a esta paralisação de sete dias, iniciada no passado dia 14 e que termina às 23:59 de hoje. Segundo o sindicato, “mais do que uma mera questão salarial ou de carreiras”, é agora também uma “luta pela defesa de um direito fundamental da democracia e do estado de direito pelo qual muitos trabalhadores portugueses deram a sua vida há mais 50 anos”.
Isto porque, de acordo com o Sinttav, durante a greve ocorreu um “lamentável incidente” na Central Técnica de Lisboa da RTP que levou o sindicato a pedir uma “intervenção urgente” da Autoridade Nacional para as Condições de Trabalho (ACT), para aferir de uma “possível violação” da lei que proíbe a coação sobre trabalhadores.
A greve convocada pelo Sinttav na RTP seguiu-se à decisão do Conselho de Administração da RTP de “fazer apenas 53 reenquadramentos profissionais (progressões de carreira) num universo de 1.800 trabalhadores, não proceder a qualquer aumento intercalar para combater a inflação, contrariando as indicações do próprio Governo, e recusar sequer negociar estas matérias com os sindicatos”.
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