Segundo a organização não-governamental (ONG), as autoridades locais pediram, entretanto, ajuda internacional para impedir um regresso em força dos ‘jihadistas’, com o vizinho Iraque a reforçar o controlo das suas fronteiras, com receio de novos desenvolvimentos do ataque do EI à prisão.
Na quinta-feira passada, cerca de uma centena de ‘jihadistas’ dentro e fora da prisão estiveram envolvidos num ataque coordenado à prisão de Ghwayran, supervisionada pela administração semi-autónoma curda.
Dominadas pelos curdos, as Forças Democráticas Sírias (FDS), que contam com o apoio de uma coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, estão a trabalhar para recuperar o controlo total da área, nomeadamente a fazer buscas às várias camaratas da prisão e nos arredores do centro penitenciário.
À noite, os combates ocorrem de forma intermitente em torno da prisão, acrescentou o OSDH, para quem se trata do “maior e mais violento” ataque do EI desde o anúncio da derrota dos ‘jihadistas” em março de 2019.
Segundo o mais recente balanço elaborado pelo OSDH, os confrontos desde 20 de janeiro provocaram pelo menos 181 mortos, nomeadamente 124 ‘jihadistas’, 50 soldados curdos e sete civis.
Num comunicado, as FDS indicaram hoje que pelo menos “1.000 terroristas foram forçados a render-se” desde o início da ofensiva e que continuam as operações para retomar o controlo total da prisão.
Farhad Shami, porta-voz das FDS, indicou que as forças curdas têm estado a pedir aos combatentes do EI, alguns deles encontravam-se detidos na prisão, para se renderem, rejeitando a palavra “diálogo”.
A prisão abriga pelo menos 3.500 presumíveis membros do EI, incluindo ocidentais, de acordo com o OSDH.
Segundo a ONU e organizações de direitos humanos, centenas de menores estão detidos nesta antiga escola convertida em centro de detenção, que, segundo afirmam as FDS, são utilizados pelos ‘jihadistas’ como “escudos humanos” em caso de ataque das forças curdas.
Também hoje, o governo curdo da região semi-autónoma renovou os apelos de ajuda à comunidade internacional, temendo que o EI se fortaleça com o recrutamento de novos combatentes.
“É um problema internacional que não podemos resolver sozinhos”, disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) Abdel Karim Omar, um alto funcionário local.
Apesar das repetidas exortações dos curdos, a maioria dos países ocidentais tem-se recusado a repatriar os seus cidadãos que estão em prisões sírias.
“Derrotamos territorialmente o EI sem eliminar a ideologia terrorista”, assumiu Abdel Karim Omar.
Especialistas veem o ataque à prisão como mais um passo para o ressurgimento do EI, que se retirou para o deserto sírio depois de perder seu “califado”.
“A menos que a comunidade internacional forneça ajuda suficiente, incluindo económica (…), não pode ser descartado que o EI retome o controlo na região”, acrescentou o mesmo funcionário.
De Bagdad, vem a indicação de que o primeiro-ministro iraquiano, Mustafa al-Kadhimi, visitou hoje a fronteira com a Síria para supervisionar as medidas tomadas para reforçar a segurança na zona, na sequência do ataque do EI à prisão de Ghwayran.
Num comunicado, Al-Kadhimi indicou que a visita lhe permitiu “confirmar a prontidão do exército” do Iraque “para lidar com qualquer tentativa de ataque à segurança e estabilidade” do país.
O primeiro-ministro iraquiano avisou os extremistas do EI para “não testarem” o povo e o exército do Iraque, defendendo que, no passado, “tentaram e falharam”, numa alusão à luta contra os ‘jihadistas’ que conquistaram em 2014 grandes áreas do Iraque e que foram expulsos de quase todos os territórios que dominavam em 2017.
Al-Kadhimi avisou também que o Governo iraquiano está a perseguir os combatentes do EI que permanecem “dentro e fora do Iraque”, lembrando que ainda existem “células adormecidas” dos ‘jihadistas” concentradas sobretudo nas zonas montanhosas do Iraque.
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