A Metro Mondego encontra-se a calcular o custo da operação e a verba anual que terá de ser transferida pela administração central, estimando-se um valor entre “três a quatro milhões de euros por ano”, disse à agência Lusa o presidente da empresa, João Marrana.
O contrato de serviço público a ser assinado “ainda não está estabilizado”, com a Metro Mondego a fazer, de momento, uma “atualização dos estudos anteriores e a afetação dos recursos e turnos que serão necessários” para a operação.
Esse contrato irá estabelecer o pagamento anual por parte da administração central para suportar a operação do SMM, que vai contar com um troço suburbano, entre Serpins (Lousã) e Coimbra, e outro urbano, servido por autocarros elétricos em via dedicada (na grande maioria do traçado).
“O pagamento daquilo que é a prestação de serviços que a empresa faz e não é rentável é uma decisão que tem de ser estabelecida entre o Estado e a Metro Mondego. É também preciso perceber até onde devemos ir e até que horas o sistema deverá estar a funcionar e isso leva a obrigações de serviço público diferentes”, aclarou.
À Lusa, João Marrana explicou que, caso haja uma maior disponibilidade por parte do Estado, o SMM pode ter “uma oferta melhor” e, se houver menos, existirá “uma oferta mais contida”.
Relativamente à entidade gestora do sistema intermodal de transportes da região de Coimbra — AGIT, o responsável da Metro Mondego afirmou que o despacho para a criação da estrutura “aguarda publicação” e que os documentos associados estão a ser estabilizados.
Esta entidade “tem de estar em funcionamento” antes do início da operação do SMM, visto que vai determinar a repartição das tarifas entre os vários operadores de transportes na região de Coimbra, com a Metro Mondego a ter como expectativa “não ter tarifa própria”, mas antes uma tarifa intermodal, referiu.
“Esses estudos estão a ser atualizados para podermos definir em rigor a tarifa que irá ser comercializada pelos diversos operadores. Por último, é necessário que exista uma tal entidade que faça essencialmente pelo menos uma coisa, que é a repartição de receitas que não pode ser feita por nenhuma das partes”, salientou.
Apesar de já ter recusado por várias vezes participar na discussão sobre a expansão do SMM, João Marrana vê com bons olhos a criação de uma linha que sirva a margem esquerda do Mondego e Condeixa-a-Nova.
“Dos resultados apresentados, julgo que Condeixa parecia ser o mais promissor, quer em termos de procura, quer em termos de volume de investimento. Acho que faz todo o sentido pensar em expandir o sistema, mas agora estamos focados, sobretudo, em pôr o sistema a funcionar”, vincou.
João Marrana realçou que “não faz sentido quem ainda não conseguiu pôr a funcionar o seu sistema” participar na discussão, já que isso poderia ser visto “como pouco credível”.
Questionado sobre a credibilidade do SMM, João Marrana reconheceu a descredibilização do projeto face às duas décadas de “promessas incumpridas”.
“Estou convencido de que vai demorar algum tempo [até o sistema atingir a velocidade de cruzeiro], mas, a partir do momento em que estiver em operação, as pessoas vão aderir, porque vão reconhecer que é um sistema de alta performance bastante diferente do que estão habituados”, referiu.
Para João Marrana, a adesão será também maior quanto mais alinhadas estiverem as políticas de mobilidade da cidade com a prioridade centrada no transporte coletivo e modos de mobilidade suave.
À pergunta sobre se o projeto não deveria ter sido desenhado para reduzir ainda mais as vias dedicadas ao transporte individual, o responsável referiu que “não é fácil fazer alterações estruturais profundas quando ainda não há uma prova da capacidade de atração do transporte público”.
“Não seria muito sensato reduzir drasticamente, na avenida Emídio Navarro, a uma só via em cada sentido, quando não há alternativa. No futuro, pode-se chegar à conclusão de que isso é viável e alargam-se os passeios, mas é um processo de desenvolvimento de qualificação do espaço urbano que tem de ser construído a par e passo”, aclarou.
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