Exemplo acabado de um ‘self-made man’, Stanley Ho fica para a história como o magnata dos casinos de Macau, terra que abraçou como sua e cujo desenvolvimento surge ligado ao império do jogo que construiu.

Nascido a 25 de novembro de 1921 em Hong Kong, Stanley Ho fugiu à ocupação japonesa para se radicar na então portuguesa Macau, onde fez fortuna ao lado da mulher macaense, oriunda de uma das mais influentes famílias da altura.

Nos anos de 1960, conquista com a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), o monopólio de exploração do jogo, que manteve por mais 40 anos, até à liberalização, que trouxe a concorrência dos norte-americanos.

Stanley Ho marcou a transformação e modernização do território, com a dragagem dos canais de navegação – imposta pelo contrato de concessão de jogos –, à construção do Centro Cultural de Macau, do Aeroporto Internacional ou à constituição da companhia aérea Air Macau.

Nunca escondeu as origens como filho de um pai que perdeu a fortuna na bolsa e que foi forçado a trocar os estudos pelos negócios devido à Segunda Guerra Mundial, havendo numerosas histórias, nomeadamente sobre alegada ligação ao mundo do crime, incluindo a tríades.

A exploração exclusiva do jogo tornou-no num dos empresários mais ricos do mundo, com os negócios a estenderem-se além dos casinos para os ramos do imobiliário, transportes, hotelaria e banca. De Macau, os investimentos expandiram-se para Portugal, África, Filipinas, Vietname e até Coreia do Norte.

Já na Região Administrativa Especial, aquando da abertura do mercado, Stanley Ho não só conquistou uma das três licenças a concurso em 2001, como garantiu a entrada dos filhos Pansy Ho e Lawrence Ho através de subconcessões da sua Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e da norte-americana Wynn.

Apesar da feroz concorrência, sobretudo da Las Vegas Sands, do arqui-inimigo Sheldon Adelson, a empresa fundada pelo magnata mantém até hoje o maior número de casinos do território.

Pansy e Lawrence são dois dos 17 filhos que teve com quatro mulheres: a macaense Clementina Leitão Ho, falecida em 2004, Lucina Laam, Ina Chan e Angela Leong, que assumiu a liderança da SJM e é deputada eleita pela população à Assembleia Legislativa de Macau.

Apesar de sempre ter afirmado que não fazia depender decisões dos mestres de “feng-shui”, o nome de Stanley Ho estará sempre ligado à influência desse tipo de elementos.

Em 1998, foi dado o seu nome a uma avenida e Stanley Ho tornar-se-ia no primeiro chinês na História de Macau a receber tal honra em vida. Dez anos mais tarde, por ocasião do 50.º aniversário da Estoril Sol, Cascais prestou-lhe igual homenagem, a primeira outorgada em Portugal, e em vida, a um cidadão chinês.

Além das mais altas condecorações em Macau e em Hong Kong, Stanley Ho, de nacionalidade chinesa, britânica e portuguesa, foi agraciado por Portugal, nomeadamente com a Grã-Cruz da Ordem do D. Infante D. Henrique, e em diversos pontos do mundo, como França, Reino Unido ou Japão.

Em julho de 2009, Stanley Ho sofreu um traumatismo na sequência de uma queda em casa, de acordo com a família, que o confinou a uma cadeira de rodas e ao afastamento dos negócios do jogo, uma época marcada por acirradas disputas entre as “famílias”.

Cinco meses depois, aparece em público, pela primeira vez, para a cerimónia de investidura de Fernando Chui Sai On como chefe do Executivo de Macau.

Desde então, raramente foi visto. Surgiu em eventos esporádicos, em fotografias rodeado da família pelo aniversário, bem como, todos os anos, em vídeos exibidos na gala de Ano Novo Chinês da SJM, nos quais mantinha o seu característico sentido de humor.

Stanley Ho também desempenhou importantes funções políticas nos processos de transição de Macau e de Hong Kong, foi membro do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, sendo-lhe também reconhecida a veia de filantropo.

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