Trata-se também de um passo em direção ao próximo objetivo: o ‘super-super-feijão’, que os investigadores esperam que possa ser criado.
Os feijões são produzidos através da convencional seleção genética, e não das controversas tecnologias de modificação genética.
Os novos ‘super-feijões’ estão a entusiasmar os agricultores de uma empobrecida parte do norte do Uganda, que também sofre as pressões da recente chegada de mais de um milhão de refugiados do vizinho Sudão do Sul, devastado pela guerra em curso.
O Centro Internacional para Agricultura Tropical indicou que os feijões foram cultivados por meios tradicionais para resistir a condições de seca que podem levar à fome devido ao desaparecimento de terra arável.
O grupo gere um de apenas dois “bancos genéticos” de feijões em África, que se espera seja o continente mais severamente afetado pelas alterações climáticas, embora produza menos de 4% dos gases com efeito de estufa emitidos a nível mundial, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Um “banco de genes” situa-se nos arredores da capital do Uganda, Kampala, e o outro fica no Malaui, no sul de África.
Os feijões guardados nestes dois bancos são enviados a parceiros de 30 países de todo o continente para serem mais desenvolvidos, para que possam enfrentar melhor as condições climáticas locais.
O banco do Uganda armazena cerca de 4.000 tipos de feijões, incluindo alguns provenientes do vizinho Ruanda antes de o genocídio de 1994 ter matado cerca de 800.000 pessoas e ter destruído muitas das variedades de feijão do país.
“Os feijões têm de passar por alguns testes rigorosos antes de serem colocados à disposição do público, para nos certificarmos de que eles realmente satisfazem todas as exigências e têm um bom desempenho em diferentes condições climáticas”, disse Stanley Nkalubo, um cientista investigador de leguminosas da Organização Nacional de Investigação Agrícola do Uganda, citado pela agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP).
Uma das espécies, o ‘super-feijão’ chamado NABE15, com a aparência do feijão vermelho riscado, revelou-se tão popular que a Organização da ONU para a Agricultura e a Alimentação (FAO) recentemente contratou um grande produtor comercial para fornecer 21 toneladas para distribuição aos refugiados sul-sudaneses para estes semearem.
Os trabalhadores humanitários esperam que estes feijões encorajem os refugiados a cultivarem os seus próprios alimentos em vez de dependerem de donativos que, em alguns casos, foram cortados devido a falta de financiamento.
“É importante que sejam encontradas outras fontes de alimentos para complementar a ajuda alimentar”, disse Beatrice Okello, gestora do programa da FAO no Uganda, precisando que se espera que apenas 50 quilos de sementes plantadas produzam até 2.000 quilos de feijões.
Os especialistas defendem que os ‘super-feijões’ são valiosos porque cozem rapidamente e resistem à maioria das pestes e pragas que afetam as colheitas.
“Além disso, são de um vermelho brilhante, de que os consumidores locais gostam, e são mais doces”, explicou Robin Buruchara, diretor da Aliança Pan-Africana de Investigação de Feijões.
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