“Os talibãs informaram-nos de que estão preparados para proporcionar a passagem segura dos civis até ao aeroporto, e a nossa intenção é assegurarmo-nos de que cumprem esse compromisso”, disse Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional do Presidente norte-americano, Joe Biden, em conferência de imprensa.
Washington está a negociar com os talibãs “o calendário” das retiradas norte-americanas, acrescentou também Sullivan na conferência de imprensa na Casa Branca.
Questionado sobre se os Estados Unidos reconhecem os talibãs como legítimos governantes do Afeganistão, Sullivan disse que “é prematuro” responder a essa pergunta, porque a situação no país “é caótica” e os extremistas islâmicos ainda têm de “demonstrar ao mundo” que tipo de líderes querem ser.
Jake Sullivan reconheceu que “uma quantidade substancial” de armamento e equipamento militar com que as forças norte-americanas combateram durante duas décadas de guerra no Afeganistão caiu nas mãos dos talibãs e dificilmente será recuperado.
“Não temos uma ideia completa do destino de cada artigo de material de defesa, mas certamente uma grande quantidade caiu nas mãos dos talibãs”, declarou.
“E obviamente, não nos parece que o devolvam voluntariamente”, acrescentou.
Os talibãs divulgaram há dois dias um vídeo em que desfilam em torno de helicópteros norte-americanos do modelo “Black Hawk” do exército afegão, no aeroporto de Kandahar, no sul do país.
“Esses ‘Black Hawks’ não foram dados aos talibãs. Foram dados às forças afegãs”, a pedido do Presidente em fuga, Ashraf Ghani, disse Sullivan, sublinhando que Biden “fez a escolha” de atender esse pedido, embora consciente do risco de esses aparelhos caírem nas mãos dos talibãs.
Segundo o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Biden ainda não manteve qualquer contacto com chefes de Estado estrangeiro sobre o Afeganistão após a queda de Cabul nas mãos dos talibãs.
“Ele ainda não trocou impressões com dirigentes internacionais”, afirmou.
Depois de tomarem 30 de 34 capitais provinciais em apenas dez dias, os talibãs entraram em Cabul no domingo, quase sem encontrarem resistência das forças de segurança governamentais, proclamando o fim da guerra e a sua vitória, o que assinalou o seu regresso ao poder no Afeganistão 20 anos após terem sido expulsos pelas forças militares dos Estados Unidos e seus aliados da NATO.
Foi o culminar de uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares estrangeiras, cuja conclusão estava agendada para 31 de agosto.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista, que acolhia no seu território o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, considerado o autor moral dos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001.
Depois de terem governado o país de 1996 a 2001, impondo uma interpretação radical da ‘sharia’ (lei islâmica), teme-se que os extremistas voltem a impor um regime de terror, reduzindo a zero ou quase os direitos fundamentais das mulheres e das raparigas, embora estes tenham já assegurado que a “vida, propriedade e honra” vão ser respeitadas e que as mulheres poderão estudar e trabalhar.
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