Em declarações à Lusa, a coordenadora da CT, Cristina Carrilho, disse que o facto de a CEO (presidente executiva), Christine Ourmières-Widener, ter sido despedida acaba por não ser “uma novidade”, uma vez que “tudo apontava para que a indemnização dada a Alexandra Reis fosse ilegal”.
“Claro que teria de haver apuramento de responsabilidades e consequências”, destacou, indicando que também era previsível a saída do presidente do Conselho de Administração, Manuel Beja.
“O que nos surpreendeu foi já haver um nome para CEO”, assegurou, referindo que entre os membros da CT, Luís Silva Rodrigues, escolhido para substituir os administradores exonerados, é conhecido como sendo uma pessoa “acessível”.
“Esperamos que efetivamente seja alguém que venha sanar alguns abusos cometidos pela administração cessante, como seja por exemplo a proteção social dos trabalhadores”, destacou Cristina Carrilho, salientando que a anterior gestão queria acabar “com o serviço social”.
A CT espera ainda que haja “a reposição de direitos laborais que foram de alguma forma limitados ou retirados”, apontando “a questão do infantário” para os trabalhadores da TAP à noite e ao fim de semana.
“Há casos de trabalhadores que não têm uma base de apoio e precisam mesmo desse serviço”, garantiu.
“Esperamos que sendo uma pessoa que conhece a TAP, a cultura da TAP, que haja algumas coisas que ele possa modificar e alterar em prol dos trabalhadores”, referiu.
A CT defendeu ainda que “se houve responsabilidade de mais alguém ou intervenção de mais alguém que contribuiu para esta ilegalidade então também devia sofrer consequências”, mas reconheceu que “quem manda é o acionista”, o Estado.
Para a coordenadora da CT não ficou claro que o novo presidente da TAP tenha “algum espaço de manobra para renovar” a Comissão Executiva, tendo em conta que o Governo disse que este órgão não iria ser exonerado na totalidade.
“Esperemos que este novo CEO tenha uma atitude mais humana e compreensiva para as necessidades dos trabalhadores”, referiu, salientando que a anterior CEO veio para a TAP “com o objetivo de fazer cumprir o plano de reestruturação e sem se preocupar com quem ficava prejudicado”.
“Houve uma desumanização”, destacou. “Espero que este novo CEO tenha intenção de remendar isso”, concluiu Cristina Carrilho.
O Governo escolheu Luís Silva Rodrigues, que atualmente lidera a SATA, para assumir os cargos de presidente do Conselho de Administração e da Comissão Executiva da TAP, anunciou o ministro das Infraestruturas na segunda-feira.
O governante, que falou numa conferência de imprensa conjunta com o ministro das Finanças, Fernando Medina, em Lisboa, anunciou o nome de Luís Silva Rodrigues para o cargo, depois de ter sido comunicada a exoneração de Manuel Beja (presidente do Conselho de Administração) e Christine Ourmières-Widener (presidente executiva), na sequência do relatório da Inspeção Geral de Finanças (IGF) sobre a saída de Alexandra Reis da companhia.
O ministro das Infraestruturas, João Galamba, disse ainda que não irá sair toda a Comissão Executiva da TAP.
Aos 58 anos, Luís Silva Rodrigues transita assim da SATA para a TAP, tendo antes passado pela Nova School of Business and Economics. Na TAP foi administrador executivo entre 2009 e 2014.
Esteve ainda na Media Capital e na PT Comunicações e, entre 2003 e 2008, foi presidente executivo da Fisher Portugal.
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