Após a instauração no Supremo Tribunal de uma investigação contra Michel Temer, o partido socialista brasileiro (PSB), o partido popular socialista (PPS) e partido trabalhista nacional (PTN) e partido humanista da solidariedade (PHS) abandonaram a base política que suporta o Governo na Câmara Baixa.
Os quatro partidos somam 66 deputados, num total de 513, os quais anunciaram que farão oposição desde que estalou o escândalo a partir do testemunho de vários executivos da empresa de carnes JBS, segundo publica hoje o diário 'O Globo'.
Os executivos da companhia acusaram Temer de receber subornos desde 2010, expuseram uma gravação comprometedora para o atual presidente brasileiro e revelaram que pagaram subornos a 1.829 políticos de 28 partidos a troco de favores para a companhia.
Por isso, o Supremo Tribunal abriu uma investigação contra Temer por suspeitas de corrupção passiva, obstrução à justiça e associação ilícita.
Não obstante, os seus principais aliados, o partido da social-democracia brasileira (PSDB) e os democratas (DEM) mantêm até ao momento o seu apoio a Temer, ainda que sublinham que a sua postura não é imutável e que poderá mudar.
Desde que assumiu o poder, em maio de 2016, a força de Temer na Câmara dos Deputados reside no avanço de polémicas reformas económicas e na reforma laboral, que abre as portas a uma descida dos custos laborais.
Contudo, o escândalo de corrupção paralisou a aprovação de uma das reformas mais importantes, o do sistema de pensões, que endurece as condições para se obter essa prestação e estabelece como idade mínima para a aposentação os 62 anos para as mulheres e os 65 para os homens, com um mínimo de 25 anos de descontos.
A tramitação da reforma exige 3/5 dos votos favoráveis, o mesmo é dizer o apoio de 308 deputados para que o projeto siga para o Senado, um número agora em perigo.
Além de perder aliados, a oposição exige a imediata renúncia de Temer, ao mesmo tempo que prepara mais de uma dezena de petições destinadas a iniciar o processo de afastamento, como aquele que derrubou a sua antecessora na Presidência, Dilma Rousseff, por alegadas irregularidades fiscais.
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