Em entrevista à Lusa antes da “Climate Change Leadership Porto Summit 2018”, o responsável pela empresa proprietária das caves de vinho do Porto Taylor's, Fonseca, Croft e Krohn explicou que a base do evento é “fazer mais amanhã do que fazemos hoje”.
“Há muitas conferências a falar sobre os problemas, mas o nosso objetivo é [fazer perceber] que não há tempo para falar. Agora precisamos de encontrar e implementar soluções. Cabe-nos ajudar”, apontou.
Quando questionado sobre as expectativas para a cimeira, confessou que “se 10% das pessoas saírem da conferência com vontade de fazer coisas e diminuir o impacto negativo ambiental, o evento é um grande sucesso”.
“Todos somos responsáveis por encontrar soluções, não há uma solução mágica que apareça em dois ou três anos, sem fazer nada agora. Isso não é possível na área climática. É urgente e sei que qualquer pessoa que sofreu o ano passado, com os incêndios no centro do país, entende bem os riscos que existem”, afirmou.
Falando sobre as dificuldades em encontrar empresas na indústria do vinho com experiência na área ambiental, indicou que “há outras empresas e fornecedores” que já o fazem, destacando que daí poderia sair um sentido de partilha de informação para que seja “mais rápido encontrar soluções”.
“O setor de vinhos pode aprender com outros setores. Quem produz framboesas, ou outros frutos, também está afetado e fazem coisas que nós podemos aprender, assim como eles connosco. Uma indústria isolada ou um país isolado não é solução. Juntos podemos atacar o problema”, exemplificou.
Assim, a cimeira procurará unir não só os setores do vinho, mas também outras empresas, nomeadamente o grupo Sonae e a Corticeira Amorim, que podem ajudar “com o seu trabalho de sustentabilidade”.
“Não há tempo para reinventar a roda, há trabalho feito, há muitas empresas mundiais que fazem bom trabalho e se elas partilharem isso com outras, pode-se fazer diminuir o impacto das alterações climáticas mais rápido. Temos é de utilizar as experiências dos outros para aplicar já”, referiu, sendo esta a base do Protocolo do Porto, que vai ser lançado durante a conferência.
Indicou que o seu papel na organização foi de “facilitador”, ainda antes de falar sobre cada um dos oradores, que sobem sexta-feira ao palco do Coliseu do Porto.
Mohan Munasinghe é ex-vice-presidente do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) das Nações Unidas e Prémio Nobel da Paz em 2007, “um dos ‘experts’ do mundo na área de sustentabilidade”, enquanto Irina Bokova teve a “responsabilidade de diretora-geral na Unesco”, que “pode partilhar muita informação sobre a necessidade de ação do ponto de vista humano”.
Juan Verde, presidente da Advanced Leadership Foundation (ALF), outra das entidades organizadores, “tem experiência na ‘green economy’ [economia verde], o que é importante porque as pessoas acham que resolver problemas ambientais custa muito dinheiro, mas a realidade é que é possível implementar programas e poupar”.
Por último, “o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi escolhido por duas razões, tem um currículo bem ligado a esta área da sustentabilidade e alterações climáticas [e] é uma pessoa muito interessada nesta área de responsabilidade humana”, esclareceu.
Adrian Bridge disse já estar agendado um próximo evento destinado à indústria do vinho, o “Climate Change Leadership Conference – Solution for the Wine Industry”, nos dias 06 e 07 de março de 2019, e revelou estar a pensar em fazer outra, em 2021, porque acredita que no Porto e em Portugal é possível “liderar o assunto mundialmente”.
“Há 500 anos atrás eramos conquistadores do mundo, porque não sermos conquistadores das soluções climáticas?”, finalizou.
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