Os encontros, que decorreram no Palácio Presidencial e que devem ser seguidos de reuniões idênticas com pelo menos duas outras forças políticas na quinta-feira, são o primeiro passo para a criação de um clima de “diálogo” pós-eleitoral.
Com uma vitória por uma margem de apenas mil votos, a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) deverá ser a primeira convidada a formar Governo, tendo o secretário-geral do partido reiterado hoje o seu empenho no diálogo com outros partidos.
Depois do encontro com o Presidente, Francisco Guterres Lu-Olo, o líder da Fretilin, Mari Alkatiri, mostrou-se confiante de que o próximo Governo será liderado pelo seu partido, que terá 23 deputados, com o apoio do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), de Xanana Gusmão – 22 lugares – e aberto a pessoas válidas “dentro e fora” das lides partidárias.
“Eu nunca tive dúvidas a esse respeito. Acho que é isso mesmo que vai acontecer”, disse Mari Alkatiri, questionado pela Lusa sobre se considera viável um Governo com o CNRT ou o apoio do partido.
Do lado do CNRT, em lugar do líder, Xanana Gusmão, que desde as eleições não falou ainda com a imprensa, surgiu na reunião com o Presidente o secretário-geral do partido, Francisco Kalbuadi, que disse aos jornalistas que o eleitorado timorense deixou uma mensagem clara de que os líderes do país têm que “trabalhar juntos”.
Apesar disso, Kalbuadi remeteu uma decisão sobre a posição do partido no que toca à formação de Governo para uma conferência nacional que se realiza no sábado.
“Isto não tem nada de derrota, porque foi uma mensagem muito clara. A mensagem do povo demonstra que temos que trabalhar juntos num ambiente de paz e confiança”, afirmou à saída do encontro com Francisco Guterres Lu-Olo no Palácio Presidencial.
“Não foi uma reunião para formação de Governo, mas para ajudar a criar um ambiente de paz e de confiança entre todos os líderes políticos. Foi uma boa oportunidade e uma honra para o CNRT”, explicou.
Ainda hoje, Lu-Olo recebeu o seu antecessor no cargo, Taur Matan Ruak, que levou o estreante Partido de Libertação Popular (PLP) ao terceiro lugar nas eleições, o que lhe garante oito lugares no parlamento de 65.
Depois da reunião com Lu-Olo, o líder do PLP confirmou aos jornalistas que não vai ser deputado – para trabalhar pelo partido e “ser voz para aqueles sem voz no país” – e que, “como partido pequeno, [o PLP] está mais vocacionado para a oposição”.
“Vou deixar para os jovens. Vou estar mais a preparar o meu parido, a trabalhar no meu partido. Os jovens [podem ter] muito mais [voz] do que eu. Vou trabalhar para o meu partido, o PLP, e vou continuar a ser uma voz para aqueles sem voz no país”, disse.
Matan Ruak disse que os deputados do PLP estarão no Parlamento Nacional comprometidos a fazer uma oposição “mais educada, mais racional, mais construtiva”.
Na quinta-feira, Lu-Olo deverá reunir-se com a liderança das restantes duas forças com assento parlamentar, o Partido Democrático (PD) e o Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO).
Desde terça-feira, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) está a realizar a tabulação nacional dos votos, processo que inclui tomada de decisão sobre os cerca de 200 votos reclamados durante a contagem.
Os resultados terão ainda que ser certificados pelo Tribunal de Recurso e, só depois disso, na próxima semana, deverão decorrer as reuniões de formação de Governo.
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