Em declarações à Lusa, à margem de um almoço-debate do International Club of Portugal, em Lisboa, Tomás Correia explicou que não decidiu se será candidato nas eleições de dezembro, uma vez que isso depende de “muita interação, muito diálogo em torno do caminho e das pessoas mais hábeis para percorrer o caminho”.

Contudo, afirmou, “não tenham dúvidas de que vai aparecer um candidato proposto pelo [atual] Conselho de Administração para o Conselho de Administração”.

Sobre o grupo de associados do Montepio que tem feito movimentações no sentido de apresentar uma lista de oposição, Tomás Correia considerou que “as alternativas que se perfilam não têm qualidade e não têm determinação para poder assumir tamanha responsabilidade”.

“O Conselho de Administração, os órgãos sociais do Montepio proporão aos associados uma lista alinhada com aquilo que for a vontade dos associados”, reiterou.

Associados do Montepio que se opõem à gestão de Tomás Correia, incluindo alguns que no passado concorreram em listas separadas, têm estado em contacto nos últimos meses para preparem uma lista única de oposição, que tenha mais possibilidade de chegar à liderança da mutualista.

O atual administrador da Associação Mutualista, Ribeiro Mendes, que já se afastou publicamente da gestão de Tomás Correia, integra esse grupo.

Questionado sobre a notícia do jornal Público desta semana que dava conta de que o conjunto das instituições da economia social apenas investiram 91 mil euros no capital da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), Tomás Correia disse que não sabe o valor investido no que designa 'banco da economia social'.

“Não lhe sei dizer. Ainda não fechamos completamente o processo, vamos fechar entre novembro e dezembro. Há um conjunto de instituições que ainda não fizeram a subscrição, que precisam de obter autorização das suas Assembleias-gerais, não estou preocupado com isso”, afirmou.

Dos 91 mil euros, o maior investimento veio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, de 75 mil euros, muito abaixo dos até 200 milhões de euros que no início do ano se falava que podia investir e que deu origem a polémica.

Também os 91 mil euros ficam longe dos 48 milhões de euros que poderiam entrar no Montepio, tendo em conta a autorização que foi dada para serem alienados até 2% do capital da CEMG.

Tomás Correia reiterou hoje à Lusa que o que se passa “não é um problema de capital” no banco Montepio e que não foi por isso que incentivou a entrada de entidades da economia social no capital.

“É um problema de associação, é problema emocional, e com emoção vamos construir este projeto. O capital é um elemento, mas há outros mais importantes. Tenhamos boas ideias e [o capital] aparece”, considerou.

Sobre a Montepio Seguros (que inclui a Lusitânia), Tomás Correia disse que não tem havido novos contactos para vender, isto depois de em maio o negócio de venda da maioria do capital ao grupo chinês CEFC não ter sido autorizado pelo regulador.

“Nós não temos interesse em vender, temos interesse em encontrar um caminho que permita que a nossa atividade seguradora cresça. O que estava sobre a mesa com esse grupo chinês era a possibilidade de aproveitarmos o território de Macau e eventualmente Hong Kong e desenvolvermos ali atividade seguradora com apoio da companhia parceira. Não temos contactos nenhuns, nem agora é o momento”, disse, recordando as eleições de dezembro na Associação Mutualista Montepio Geral que vão definir a nova administração.

A CEFC China Energy é um grupo privado chinês, que atua sobretudo na área da energia, mas que tem também interesses também nos serviços financeiros.

Desde maio que o grupo vive uma crise, com o presidente, Ye Jianming, detido e mesmo incumprimento no pagamento de dívida emitida.